Aproveitamos o vídeo colocado por Guilherme Lobo para deixar essa bíblica mensagem de Paulo França, homem que, como o apóstolo Paulo, combateu o bom combate, terminou a corrida e guardou a fé. (cf. 2Tm 4.7)
A Deus damos graças pela vida deste piedoso homem, que faleceu ontem (03/abril/2014).
Depoimentos
Por Marcelo Berti
PAULO FRANÇA, MEU ORIENTADOR
“Negão” era o modo carinhoso como que ele me tratava. Não era, nem de longe, um apelido específico para mim, mas eu sabia que era reservado para aqueles a quem ele tinha como amigo. Ser seu amigo enquanto seu aluno, foi um grande privilégio. Foi ele que teve que ouvir as piores notícias que tive para contar quando estava no SBPV, mas foi ele que me encorajou e me deu o apoio necessário para passar pela situação mais vergonhosa da minha vida como aluno no seminário.
Lembro-me com muita alegria de uma ocasião em que nos encontramos em um restaurante durante a conferência missionária da IBCU. Na ocasião, apenas a equipe do seminário, a equipe de missões e os pastores da igreja estavam almoçando. Eu havia me formado havia pouco mais de dois anos e ainda não o tinha reencontrado desde então. Quando me viu, apressadamente [o normal dele] veio me cumprimentar e disse: “Negão, o que vc está fazendo aqui? Você sabe que somente o pessoal do seminário e da igreja foi convidado para almoçar aqui hoje”. Ouvindo isso respondi: “Paulo, eu sou um dos pastores da igreja”. A reação dele foi inesquecível… Gargalhando ele respondeu: “Sabe o que eu gosto de vc… Vc tem um senso de humor incrível!”. Era tão improvável que minha resposta fosse verdadeira, que até mesmo ele teve dificuldades em entender que não estava brincando. Na verdade, demorou alguns bons minutos para ele realmente acreditar que não era uma piada. Quando ele finalmente acreditou [o Fernando foi quem o convenceu], olhando pra mim ele disse: “Deus ainda faz milagres!” e saiu rindo.
Ele era assim, encorajador mesmo em tom de brincadeira. Foi um dos homens que Deus usou na minha vida para moldar meu caráter. Um exemplo de dedicação, disciplina e bom humor.
Hoje, estamos em oração com nossos amigos e familiares por sua família. Entristecidos pela ausência, mas confiantes do nosso futuro reencontro. Até breve querido mestre!
Por Carlos Osvaldo
ENTUSIASMO CONTAGIANTE
Definir uma pessoa nem sempre é fácil. Todos nós temos muitas facetas ocultas sob a face que exibimos aos que nos cercam.
Paulo Silva França certamente também as tinha, mas havia algo que o marcava como pessoa, como colega, como professor e líder. Paulo era uma pessoa entusiasmada com a vida e, particularmente, com o que lhe vinha às mãos para fazer – poderia ser o louvor na igreja, a aula no seminário, no CTL, ou em qualquer outro lugar, e no grupão França.
Talvez você já tenha visto no Facebook um bando de pessoas mudando sua foto de capa para uma bandeira da França. Pois é, uma delas tinha a bandeira da França a meio-pau. São os alunos e ex-alunos do SBPV que participaram do grupão França. Ferozmente amado pelos que dele participavam, era o grupo que todos os outros amavam derrotar, mesmo que fosse num jogo de bola de gude. O entusiasmo que Paulo infundia em seus “filhos” era notável, quase palpável.
Professor dedicado, tinha paixão especial pelos adolescentes e influenciou várias gerações deles, primeiro na Igreja Evangélica Congregacional Atibaiense, e mais recentemente na Igreja Evangélica de Maracanã. No SBPV fazia de suas aulas um momento empolgante para os alunos, quer ensinasse Panorama da Bíblia, Vida de Cristo, ou História da Igreja. O entusiasmo do professor com a matéria dizia sempre que a pessoa amava não só o que ensinava, mas também, e primeiramente, Aquele sobre quem ensinava.
Dinâmico em tudo que fazia, até na atividade física, assumiu a liderança do SBPV quando a escola completou 45 anos de existência. Era mais uma fase de mudança e transição e Paulo enfrentou as dificuldades inerentes às transições com o mesmo dinamismo com que pedalava pelas estradas do município de Atibaia; não hesitou em implementar mudanças, mesmo quando elas significavam deixar a zona de conforto. Em anos de crise econômica, fez os ajustes necessários, ainda que dolorosos, e viu uma situação quase impossível ser revertida (fato recorrente na história do SBPV). Parte da solução foi sua capacidade de motivar outros (alunos, equipantes, ex-alunos e amigos) a se envolverem com a visão e o ministério do SBPV.
Antes de partir, liderava vários grupos de trabalho na preparação para os 50 anos de existência do seminário. Tínhamos reunião marcada para verificar o andamento dos diversos projetos. Agora que não o temos conosco, esta página da história do SBPV, os breves três anos e meio em que Paulo foi reitor, ganhará um tom de tristeza, mas também de vitória.
O contágio, ideia que subjaz a filosofia e a prática do SBPV, ficou evidente na vida de Paulo França. Seus discípulos atestam isso pelo entusiasmo que marca os seus ministérios, pelo amor que têm pela igreja local, e pelo desejo de investir em vidas (particularmente as mais jovens). A saudade que Paulo França deixa será amenizada pela presença de sua influência nas vidas daqueles que estiveram mais próximos dele como pessoa e dos colegas de ministério que serviram a seu lado.
“Fui!!”, era sua maneira de se despedir no Seminário, e sair para pedalar pelas colinas de Atibaia. Nesta madrugada, ele subitamente disse “Fui!!”, e saiu para pedalar com Atanásio, Agostinho, Anselmo, e com seu Amado Mestre (perdoem-me a ousadia) pelas colinas celestiais. E o céu ficou, se é possível, um pouco mais entusiasmado.
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