Por Ed Welch
Os ingredientes do psicológico certamente existem. Eles estão entre os aspectos mais importantes e interessantes da nossa vida interior, que inclui padrões de pensamento, personalidade, emoções e motivações pessoais. Mas o reservatório conceitual que os reúne – o psicológico – seria de fato uma categoria real e útil, ou desnecessária e inútil para a compreensão do ser humano? Existe uma parte distinta de nós que não é espiritual nem biológica, mas psicológica? Sugiro que aquilo que nós conhecemos como o psicológico é uma expressão de nosso corpo e espírito.
O que é o psicológico?
Sim, eu estou levantando mais uma vez a questão da perspectiva tricotômica. Ela ganhou popularidade com Clyde Narramore, no final da década de 1950, quando ele declarou o seguinte:
- se você tem um problema do corpo, consulte um médico;
- se você tem um problema da alma (psicológico), converse com um psicólogo;
- se você tem um problema espiritual, converse com um pastor.
O problema aqui é que a Bíblia não identifica problemas psicológicos isolados, divorciados do nosso corpo e espírito.
Levanto aqui essa questão porque o psicológico é uma categoria que tende a ser separada e excluída da superintendência ativa das Escrituras. Observe, por exemplo, que na formulação de Narramore o psicológico está fora do domínio do cuidado pastoral e, consequentemente, da própria Bíblia. Isto significa que o psicológico está desconectado de ou é periférico à nossa conexão com Deus. Esta desconexão deve despertar nossas suspeitas. Berkouwer escreve: “Podemos dizer sem medo de contradição que o ponto mais notável no retrato bíblico do homem reside no fato de que ele nunca chama a atenção para o homem em si mesmo, mas reclama nossa plena atenção para o homem no que diz respeito à sua relação com Deus.” 1 Tudo quanto fica aquém desta visão fica aquém de uma visão bíblica da pessoa.
Somos almas encarnadas… conectadas a Deus
Existem duas alternativas à perspectiva tricotômica. Uma delas é que somos apenas seres físicos – corpo, e somente corpo. Esta é a visão dominante na cultura ocidental, e cada vez mais popular entre os cristãos. Em outra ocasião, escreverei mais sobre isso. O outro ponto de vista, com raízes profundas na história da igreja, é que nós somos uma dualidade; somos almas encarnadas. O corpo é o aspecto de carne e sangue, o aspecto físico da nossa existência enquanto a alma reúne todos os aspectos da pessoa interior e compartilha seu campo semântico com palavras como espírito, coração e mente. Em suma, consistimos de substância espiritual e substância física, que coexistem e estão interligadas uma à outra, apesar de estarem sujeitas à separação na morte. Esta dualidade está em vista quando o apóstolo Paulo escreve:
“Mesmo que o nosso homem exterior [corpo] se corrompa, contudo, o nosso homem interior [espírito, alma] se renova de dia em dia” (2Co 4.16).
A renovação interior da qual ele fala não se limita a uma parte restrita de sua pessoa, mas sim a todo o seu ser interior – sua mente, seu coração, seu espírito.
>> Continue a leitura em Conexão Conselho Bíblico
Tags: 2Coríntios Ed Welch Psicologia
