Filho meu,
nunca cansarei de lhe dizer que Jesus Cristo é nosso maior exemplo em tudo que realmente vale a pena. Mesmo assim, continuarei falando de homens e mulheres que foram e ainda são exemplos de bons filhos de Deus, exemplos que nós devemos observar e imitar.
Da última vez eu falei para você sobre Atanásio, homem cuja influência foi tão grande em sua época, que impactou e influenciou este outro grande homem: Agostinho (de Hipona).
Agostinho nasceu na África. Sua mãe era cristã, mas seu pai não. Na adolescência, Agostinho tapou os ouvidos para o ensino de sua mãe, Mônica, e resolveu fazer o que seu coração mandava, acreditando em seu próprio entendimento. Ele fez exatamente ao contrário do que a Bíblia nos ensina: Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento (Pv 3.5).
Aos dezessete anos Agostinho se mudou para estudar em Cartago. Quando terminou, voltou para sua cidade Natal, Tagaste, e começou a ensinar matérias cujo conteúdo não dava honra e glória para Jesus. Até quando conseguiu, Agostinho escondeu suas ideias e crenças de sua piedosa mãe. Porém, algum tempo depois ela descobriu e o expulsou de casa. Ainda assim, Mônica nunca deixou de orar por ele; até havia sonhado que ele se tornaria um verdadeiro cristão. Mônica era piedosa e se preocupava com o relacionamento do seu filho com Deus. Em seus esforços, ela se pôs a mudar com Agostinho para Cartago, onde agora Agostinho era professor.
Depois de Cartago, Agostinho se mudou para Roma (sem sua mãe – ele a enganou) e outra vez para Milão, onde lecionava retórica. Lá ele começou a frequentar a Catedral para ouvir a impressionante oratória do bispo Ambrósio, que futuramente o batizara. Enquanto isso, sua mãe procurava alguém para ele se casar apropriadamente.[1] Nessa época, Agostinho lutava consigo mesmo. Apesar de ser muito inteligente, não conseguia deixar as paixões da carne. Posteriormente, ao comentar sobre este tempo de sua vida, ele disse:
“Nosso real prazer consistia em fazer algo que era proibido. O mal em mim era sujo, mas eu gostava.”
A conversão
Certa vez, enquanto ele caminhava do jardim pensando nas questões que ele não conseguia se livrar, ele ouviu a voz de criança numa espécie de música que dizia: “pegue e leia.” Ali no jardim, sobre uma mesa, havia uma coleção das cartas de Paulo. Ele pegou e leu a primeira coisa que viu: Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja.Pelo contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne.(Rm 13.13-14) Agostinho diz, mais tarde, que ele não precisava de nenhuma outra palavra. Toda a escuridão de dúvida havia desaparecido de seu coração.
Pós-Conversão
Filho meu, Agostinho mudou radicalmente sua vida. Pediu dispensa de seu cargo como professor e voltou para sua cidade natal. Foi nesse tempo que ele perdeu sua mãe, seu filho e seu melhor amigo. Isso tudo foi tão pesado para ele que Agostinho começou um novo estilo de vida. Agora, como monge, ele dedicava todo seu tempo com orações e estudos da Bíblia.
Entretanto, o monastério não foi seu último lugar. Em Hipona o fizeram padre[2] e cinco anos depois Agostinho se tornou Bispo de Hipona. Como tal, Agostinho foi um grande defensor da fé cristã. Discutiu com vários hereges em prol da verdade Bíblica. Os escritos de Agostinho foram milagrosamente poupados[3] e se tornaram o alicerce teológico para o milênio que o sucedeu.
Agostinho morreu com 76 anos de idade devida uma forte febre.
Filho meu, que lição podemos tirar da história de Agostinho? O fato que mais me chama a atenção é a sua educação. Sua mãe orou e lutou para que ele conhecesse verdadeiramente a Jesus Cristo. Agostinho foi teimoso e se meteu em muitas encrencas, a ponto de se sentir afogado e perdido. Sua capacidade intelectual era inútil para impedi-lo de fazer o que ele reconhecia como impróprio. Deus, na sua graça, chama Agostinho para si e utiliza toda sua intelectualidade em benefício do Reino de Deus, da verdade dEle, para honra e glória do misericordioso Salvador, Jesus Cristo, único Senhor.
“Senhor Deus, obrigado pelo exemplo de Agostinho. Obrigado pelo exemplo de sua mãe, Mônica, que com zelo lutou e orou pela vida de seu filho. Que nós tenhamos zelo para educar nossos filhos, dedicação ao estudo da Palavra e oração e coragem para honrá-lO como nos é devido e singularmente prazeroso. Em nome de Jesus, amém.”
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[1] Agostinho era apaixonado por uma concubina, com quem ele inclusive teve um filho. [2] Lembre-se que naquela época somente existia a igreja católica. Ele se tornou padre contra sua própria vontade; ele queria ser bispo. [3] Os Vândalos foram uma tribo germânica que havia se convertido ao Arianismo. Eles tomaram Hipona e atearam fogo na cidade, mas os escritos de Agostinho não sofreram danos.Adaptado de Galli, M., & Olsen, T. 131 Christians everyone should know. Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.
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