Por Fernando Leite
Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado. (1Pe 1.7)
A vida real reserva sofrimento com selo de garantia. Empregos perdidos com os temores de não ter os recursos necessários para manter a vida, acometimento de enfermidades que trazem dor, indisposição ou a morte, ofensas que desenvolvem o sentimento de injustiça e mágoa, relacionamentos quebrados com suas decepções e desilusões, e tantas outros fatos que podem nos deixar perplexos, desanimados, lamentando, gemendo, medrosos, etc. Isso nos faz questionar o porquê disso, perguntar ‘por que comigo?’, e pedir que seja virada a página para a alegria e prazer.
Em algumas circunstâncias nós até valorizamos algum sofrimento. Horas gastas em academias e pistas requerem suportar dor e vencer limites que propiciam melhor condicionamento físico. Tempo gasto estudando ou trabalhando desenvolvem e nos qualificam para o mercado. Entretanto, isto envolve sofrimento voluntário, em que se sabe especificamente o ganho, e assim toma-se a decisão de ‘sofrer’ para alcançar uma vantagem. Assim, o conhecimento do que se pode ganhar com o sofrimento, muda a atitude quando se passa por ele.
No caso dos destinatários da carta de Pedro, eles não decidiam pelo sofrimento que os afligia, e nem tão pouco tinham poder de mudar a realidade. Eles simplesmente estavam correndo risco, ou já sendo perseguidos por sua fé. Eles não podiam mudar a ação externa que os afligia, mas podiam lucrar com a experiência, como nós podemos hoje, independentemente da fonte e natureza de nossa dor.
Primeiro Pedro destaca que como o fogo purifica o ouro, livrando-o das escórias, assim também o sofrimento expõe a fé a ser provada e aprovada. Dizer que confia sem passar por dificuldades é muito superficial comparado com a fé que passou e sobreviveu no meio das tempestades. Quando se é jovem e saudável, com preocupação quase exclusivamente consigo mesmo, requer-se muito menos da fé do que quando se é pai e os filhos ficam doentes, ou enfrentam dificuldades. As experiências ameaçadoras e doloridas que nos angustiam e nos colocam em risco, nas mãos de Deus podem agregar valor às nossas vidas, mais do que o ouro e o prazer podem trazer. Tiago nos diz que devemos ter alegria no sofrimento, e a razão é que Deus irá nos aperfeiçoar e completar a obra que já está fazendo em nossas vidas. Assim não cabe a reclamação, mas o reconhecimento de Seu amor e sabedoria, e colaborar com Sua ação.
Mas além da visão do aperfeiçoamento no sofrimento, Pedro olha para o futuro, para a ocasião em que o povo de Deus se encontrará com o seu Senhor Jesus, e por Ele poderá ser honrado, louvado e glorificado. Assim, embora passemos por sofrimentos no presente, devemos olhar para o futuro e imaginarmos o dia em que vamos encontrar o Senhor Jesus, e os sofrimentos, humilhações e riscos desta vida, serão substituídos por toda a glória que durará pela eternidade.
O sofrimento está garantido nesta vida, mas o Senhor nos garante que esse mesmo sofrimento pode ser uma bênção em Suas mãos que nos aperfeiçoam, além de recebermos dEle mesmo o reconhecimento, o louvor e a glória a nós reservada.
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