Por Stanton Jones
A investigação científica da sexualidade humana, tem um tremendo potencial para enriquecer a compreensão humana. Infelizmente, as supostas descobertas científicas sobre sexualidade – particularmente sobre orientação sexual e homossexualidade – são, frequentemente, mal compreendidas e mal aplicadas às questões teológicas e morais que a Igreja Cristã enfrenta. Apesar de ler a literatura cientifica por três décadas, encontrei pouca coisa que confunda ou refute a ética sexual Cristã tradicional. De certa forma, hoje em dia, comumente crê-se que a ciências tenha desacreditado os ensinos Cristãos tradicionais de que a conduta homossexual é imoral. A pesquisa sobre a causa da orientação sexual, está no centro do debate. Algumas pessoas bem intencionadas, fazem afirmações como a seguinte: “A Bíblia condena a homossexualidade, mas a ciência provou que a homossexualidade é genética. Algo genético, não é voluntário, e se não é voluntário, não pode ser pecado. Assim, a Bíblia e a ética tradicional Cristã, simplesmente estão erradas”.
Esse argumento está errado em sua lógica e cientificamente. Está errado em sua lógica porque a Bíblia não condena a “homossexualidade”, mas condena os atos homossexuais. Esses atos são voluntários (a menos que os homossexuais sejam robôs dirigidos incontrolavelmente por seus impulsos, o que não são). Nesse caso, a teologia Cristã nunca fez da “voluntariedade” uma condição para o pecado; todos somos pecadores e propensos a pecar como parte de nossa condição básica e nossa natureza. Não conseguimos escolher o contrário, não conseguimos escolher não sermos pecadores (Hays. 1996, faz essa afirmação em seu capítulo sobre a homossexualidade no livro éticas do Novo Testamento). A pesquisa pode sugerir ou, até mesmo, provar que indivíduos desenvolvem certos desejos ou propensões contrárias às suas escolhas conscientes, mas o foco da moralidade Cristã está no como nós agimos em resposta à lei moral de Deus.
Esse argumento também está errado cientificamente. O público acredita que a orientação sexual é genética, mas ela é mesmo? Muitos estudos reivindicam ter validado essa conclusão, mas revisamos essa evidência e mostramos que os resultados reais são muito mais inconclusivos do que imaginamos (Jones & Yarhouse, 2000; Jones & Kwee, 2005). Vamos focar, por exemplo, no estudo genético comportamental de Bailey e Pillard (1991), o único estudo que parece fazer o possível para estabelecer a ampla crença de que a orientação homossexual é geneticamente determinada.
A base lógica da genética comportamental é que, se um padrão comportamental ou psicológico é influenciado pela genética, então, os indivíduos que são mais geneticamente similares, deveriam ser mais similares comportamentalmente/psicologicamente do que indivíduos que são menos similares geneticamente. Para avaliar os impactos da genética na orientação sexual, Bailey e Pillard reuniram uma amostra de gays e seus irmãos, e verificaram o grau de concordância (ou correspondência de orientação sexual) de acordo com diferentes graus de similaridade genética. Eles encontraram para os homossexuais do sexo masculino, uma concordância maior (52%) entre gêmeos idênticos (que compartilham 100% de seus genes) do que entre gêmeos fraternos, irmãos de sangue e irmãos adotados. Isso acaba com o padrão que seria encontrado se houvesse um componente genético para a homossexualidade: quanto mais similares geneticamente, mais similar a orientação sexual. Esse estudo recebeu uma publicidade enorme quando foi publicado e, desde então, tem contribuído fortemente com a percepção pública de que a homossexualidade é genética.
Entretanto, há muitos problemas com esse estudo (discutidos em Jones & Yarhouse, 2000), mas a maior falha estava na metodologia de amostragem deles. Para gerar uma estimativa válida de influência genética na população, você tem que ter uma amostra que realmente represente a população, mas a amostra deles foi coletada de forma a resultar em uma propensão dos voluntários. Bailey percebeu que isso poderia ser um problema e fez um estudo (Bailey, Dunne & Martin, 2000) que corrigiu esse problema obtendo uma amostra mais representativa através do registro de gêmeos Australianos. O resultado? A descoberta original caiu por terra. Suas principais descobertas foram que, de vinte e sete gêmeos idênticos, dos quais um dos gêmeos era gay, em somente três casos (por volta de 10% dos pares) o outro gêmeo também era homossexual. A concordância para gêmeos idênticos baixou para somente 20%. O estudo de Bailey et al. (2000) foi preciso a respeito das implicações dessa nossa pesquisa, comentando que esse estudo: “não forneceu suporte estatístico significante para a importância de fatores genéticos” (pg. 534) para a orientação homossexual. Um novo estudo (Långström et al., 2008), com a maior e mais representativa amostra já coletada, examinou a questão e produziu resultados quase idênticos ao do estudo mais atual de Bailey (2000): de setenta e um pares de gêmeos idênticos do sexo masculino, dos quais um gêmeo era gay, somente sete dos setenta e um pares, apresentaram o segundo gêmeo idêntico também gay. É importante notar que, embora as descobertas originais de 1991 tenham recebido uma atenção enorme da mídia, as novas descobertas que refutavam as descobertas originais, foram grandemente ignoradas pela mídia, bem como por livros textos e discussões escolares sobre esse tópico. (Grifo do editor.)
Os resultados são típicos das descobertas de pesquisa sobre a causa biológica para a homossexualidade em geral. Esses resultados sugerem um papel modesto para a maior parte das causas da orientação sexual. Para esclarecer: a ciência não desmente que a genética, hormônios pré-natais, a estrutura do cérebro ou vários outros fatores biológicos tenham algo a ver com a orientação sexual. Nossa biologia, incluindo nossos genes, provavelmente influencia nossa orientação sexual, mas esse é só um fator em meio a um conjunto de fatores. Também há pesquisas, ignoradas por muitos, sugerindo que a família e as experiências são influências poderosas no desenvolvimento da atração pelo mesmo sexo (Jones & Kwee, 2005).
Fonte: Psychology & Christianity: Five Views (pp.121-123)
Traduzido por Cristiane Carmona
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