O Brasil vive um novo momento. O Gigante Acordou! O povo está insatisfeito com a falta de prioridades no governo, excessos com gastos, corrupção e especialmente contra a PEC37. Aos poucos aquele movimento que parecia indefinito, a cada dia fica mais específico. E nós cristãos devemos fazer parte desse movimento, por que nós também somos brasileiros, estamos insatisfeitos e precisamos fazer ouvir a nossa voz.
Para aqueles que tem alguma dúvida sobre a participação desse movimento e dos protestos que se tem feito nas grandes cidades do Brasil, aqui vão cinco motivos bíblicos para você refletir. Nós devemos participar das manifestações pacíficas (1) Por amor a Deus, (2) Por amor ao próximo, (3) Por amor a justiça, (4) Por repúdio à omissão e (5) Em submissão e oração.
1. Por Amor a Deus
Os cristãos devem se levantar a favor da manifestação pacíficas por que amamos ao Deus que ama a humanidade. Os cristãos tem a Glória de Deus como principal motivo da sua existência, e o amor irrestrito a Ele como maior mandamento. Nada do que o cristão faz deveria ultrapassar ou violar a Glória de Deus ou macular seu amor a Deus. E o Deus que amamos e servimos se opõe à injustiça.
Nas escrituras dois grupos são apresentados como socialmente desprivilegiados: Os órfãos e as viúvas. E não poucas vezes vemos Deus se apresentar como Aquele que valoriza e protege esse grupo de pessoas: “Pai dos órfãos e juiz das viúvas é Deus em sua santa morada” (Salmos 68:5); “Deixa os teus órfãos, e eu os guardarei em vida; e as tuas viúvas confiem em mim” (Jeremias 49:11). Não é à toa que a igreja primitiva precisa dedicar-se atentamente a esse grupo de pessoas, afinal, cuidar daqueles em necessidade é parte da religião verdadeira: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1:27).
Não é à toa que os santos do passado convocavam o povo para agir corretamente com aqueles que eram necessitados, especialmente em períodos de problemas políticos: “Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado” (Salmos 82:3). O próprio Deus também conclamava Seu povo para atender a causa da justiça: “Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas” (Isaías 1:17).
No nosso país não são apenas os órfãos e as viúvas que precisam do nosso apoio: Moradores de rua, os viciados da cracolândia que não tem outra alternativa senão morrerem à margem da sociedade, aqueles que sofrem sem educação ou aqueles que morrem sem acesso a hospitais em função de desvio de verba pública. Um povo oprimido por um Governo que é famoso pela corrupção precisa ser protegido. E aqueles que se dizem filhos do Deus Justo, que Ama a Justiça precisam representá-lo à altura da sua majestade.
Nós que dizemos amar a Deus devemos, por amor a Ele, representá-lo na luta contra a opressão política. Nós devemos levantar a nossa voz e conclamar os cristãos a que façam o mesmo. Por amor a Deus, o Justo Juiz, devemos participar desse movimento de modo exemplar:
“Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz, nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ame o juramento falso, porque a todas estas coisas eu aborreço, diz o SENHOR” (Zacarias 8:16-17).
2. Por Amor ao Próximo
Os cristãos devem fazer parte das manifestações pacíficas por que são exortados pelas escrituras a amarem ao próximo. O segundo mais importante mandamento cristão é amar ao próximo como nós amamos a nós mesmos: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22.39; cf. Levíticos 19.18; ).
Esse amor que recebemos de Deus, nós devemos aos homens: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor” (Romanos 13.8) Nós também somos convidados por Cristo Jesus a fazer aos outros somente aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas” (Mateus 7.12). E essa deveria ser a normativa vida dos seguidores de Cristo: A manifestação do amor transformador que receberam de Deus em Cristo em benefício do próximo.
É esse tipo de amor ao próximo que é o cumprimento da lei e dos profetas: “Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gálatas 5.14). É o amor divino que promove o bem para o próximo, pois tem como fonte Aquele que ama até mesmo o mais vil dos pecadores: “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor“. (Romanos 13.10)
Conscientes das nossas responsabilidades, temos que honestamente nos perguntar: Até quando vamos permitir com nosso silêncio que “o homem perverso” (Pr.29.2) continue a oprimir o necessitado? Até quando vamos nos calar diante da corrupção que mata o doente pobre? Esse é o momento em que o povo que ama o próximo deveria se levantar diante da responsabilidade que tem de lutar pelo benefício do outro, por que: “Os justos levam em conta os direitos dos pobres, mas os ímpios nem se importam com isso” (Provérbios 29:7). Aqueles que assim procedem são por Deus abençoados e protegidos: “Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o SENHOR o livra no dia do mal” (Salmos 41.1).
“Assim falara o SENHOR dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; E não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu irmão (Zacarias 7:9-10 )
3. Por Amor à Justiça
Os cristãos devem fazer parte das manifestações pacíficas por que amam a um Deus que ama a justiça: “O Senhor é justo, Ele ama a justiça” (Salmos 11.7). O Seu caráter está sempre em acordo com a justiça: “Porque a palavra do SENHOR é reta, e todo o seu proceder é fiel. Ele ama a justiça e o direito” (Salmos 33:4-5;cf. 37.28; 99.4). E esse Deus que ama a justiça ama de modo especial aqueles que exercem a justiça: “O caminho do perverso é abominação ao SENHOR, mas Ele ama o que segue a justiça” (Provérbios 15:9).
Os santos apresentados nas escrituras são homens e mulheres que resolveram viver em conformidade com o padrão divino durante seus dias na terra. Hoje, não deveria ser diferente: Aqueles que amam o Deus que ama a justiça, devem, por amor a Ele, amar a justiça: “Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados. Abre a boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados (Provérbios 31:8-9). Jó, um desses santos homens do passado, já nos ensinava: “Eu me cobria de justiça, e esta me servia de veste, como manto e turbante era a minha equidade. Eu me fazia de olhos para o cego e de pés para o coxo. Dos necessitados era pai e até as causas dos desconhecidos eu examinava” (Jó 29.14-16); “eu livrava os pobres que clamavam e também o órfão que não tinha quem o socorresse” (v.12).
É verdade que a Justiça do Evangelho é bem maior que a justiça social que tanto queremos ver em nosso país. Mas, devemos nos perguntar: Será que a justiça social é contrária à Justiça do Evangelho? De modo nenhum! A Justiça de Deus (no que se refere a salvação) é manifesta no evangelho, mas a justiça (o atributo moral de Deus) inclui o cuidado do oprimido, a proteção do mais fraco e destruição do opressor. Essa justiça não produz a salvação escatológica nos que a buscam ou a recebem, mas certamente faz parte da manifestação daqueles que receberam de Deus a Justiça salvífica do evangelho. O santos do presente também deveriam cuidar das mazelas da sociedade e por amor a Deus, manifestar Sua justiça.
“Assim diz o SENHOR: Executai o direito e a justiça e livrai o oprimido das mãos do opressor; não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência” Jeremias 22.3
4. Por Repúdio à Omissão
Os cristãos deveriam participar das manifestações pacíficas por que a omissão é uma afronta contra Deus: “Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” (Tiago 4:17). A verdade é que conhecer a verdade e não se manifestar a favor dela é uma atitude passível de reprovação diante de Deus: “Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites” (Lucas 12:47).
Nós servimos ao Deus que ama a humanidade, justiça e nos ensina a amar ao próximo em Cristo Jesus. É verdade que diante do amor divino nós devemos estar prontos e preparados para levar também o evangelho aos homens. Entretanto, em algumas ocasiões o exemplo do cristão é a porta de entrada para a mensagem do evangelho. A igreja em Atos 2 contava com a simpatia de todo povo e crescia diariamente com a pregação do evangelho (Atos 2.47). É por isso que “mantemos exemplar o nosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra nós outros como de malfeitores, observando-nos em nossas boas obras, glorifiquem a Deus” (1Pe 2:12 ARA). O princípio é claro, nós devemos nos “esforçar para fazer o bem a todos os homens“(Romanos 12.17), “pois o que nos preocupa é procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos homens” (2Coríntios 8.21).
“Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente”. (Deuteronômio 4.6)
5. Em Submissão, Oração e Obediência
Os cristãos devem participar das manifestações pacíficas por diversas razões, como já apresentamos acima. Entretanto, devemos lembrar que o cristão tem o dever de fazê-lo sem violar outras declarações da escritura. E nesse caso a escritura é clara: “Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem” (1Pedro 2:13-14). Os cristãos também dever ser exemplares no tratado com as autoridades, independendo o grau da corrupção dos mesmos. Os primeiros cristãos que leram as declarações de Pedro estavam à mercê do Império Romano, conhecido por sua crueldade injustificada contra os cristãos daquele período. E a submissão ensinada pelas escrituras se estende do governantes até às autoridades mediada enviadas por eles.
É por isso que o cristão deve ser exemplar na sua manifestação pacífica! Ele deve estar consciente do seu papel na sociedade e perante Deus, sem violar um em favor do outro. Afinal, a submissão às autoridades não inibem o cristão de realizar boas obras: “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens” (Tito 3:1-2 ). O exemplo cristão deve ser evidente e diferenciado!
A razão da nossa submissão às autoridade é devida ao reconhecimento de que Deus é a autoridade Suprema que governa as nações, e que Ele as instituiu: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas” (Romanos 13.1). Nós também reconhecemos que devemos ser submissos por dever e consciência (v.5).
Mas submissão não é suficiente: O cristão deve estar engajado em uma vida de oração pelos líderes do seu país: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito” (1Timóteo 2:1-2 ). Essa atitude é boa e aceitável diante de Deus, que deseja salvar até mesmo os mais corruptos dos políticos da nossa nação (v.3-4).
Procurai a paz da cidade (…) e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz. (Jeremias 29.7) Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos (1Pedro 2:15)
Conclusão
O que podemos concluir diante das evidências bíblicas? Podemos concluir que existem motivos que impelem o cristão a participar pacificamente de protestos nas ruas. Entretanto, também devemos a Deus nossa submissão às nossas autoridades. Os protestos pacíficos não são uma forma de insubmissão às autoridades, mas uma forma de participação de um governo democrático. Entretanto, nossa participação tem que reconhecer o limite da submissão.
Também concluímos que o dever do cristão, esteja ele na rua ou não, é manter-se em oração pela liderança do seu país. Não se pode esperar que um cristão seja um “revolucionário civil” e “apático espiritual”.
Em outras palavras: VÁ PARA A RUA, mas vá com Cristo e como Cristo, afinal você é um representante dEle.
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