A presente série nada mais é do que o artigo publicado (dividido em partes) pela revista teológica VOX SCRIPTURAE (5:1 – Março de 1995; 43 – 70) intitulado A Questão do Homossexualismo, escrito por Carlos Osvaldo Pinto e Luiz Sayão. [Leia aqui a Introdução da série] [Leia aqui A questão da homossexualidade no Antigo Testamento] [Leia aqui A questão da homossexualidade no Novo Testamento] [Leia aqui Um pouco de história]
As Causas do Homossexualismo
Dentre as mais diversas e possíveis causas do homossexualismo, duas categorias básicas têm sido destacadas: a base biológica; e a influência ambiental-psicológica.
Do ponto de vista da ciência, não há uma conclusão definitiva. Todavia o peso das evidências tende a favorecer nitidamente a influência ambiental-psicológica. Pesquisadores como Kallman (1952), Dörner (1975) e Levay (nos anos 90) tentaram fortalecer a idéia de que haveria uma base genética ou uma causa física para a homossexualidade, hipótese levantada como provável pela verificação de prática homossexual entre animais. Ainda que prossigam tentativas nesse sentido, as causas biológicas, especialmente genéticas, não foram demonstradas. A própria idéia de “transmissão genética do homossexualismo” é um tanto quanto estranha! Conforme percebeu William H. Perloff, algumas experiências apontaram para a impossibilidade de uma determinação biológica da homossexualidade.
Estudos dos sistemas endócrinos de indivíduos homossexuais não demonstram variação constante ou significativa da média do respectivo sexo somático. A administração de grandes quantidades de estrógeno a homens normais diminui suas libidos em alguns casos, mas não aumenta sua atração por outros homens… A administração de grandes doses de andrógeno a mulheres normais pode intensificar suas libidos …mas não as faz assumir papéis sexuais masculinos… Deve-se concluir que a homossexualidade é um fenômeno puramente psicológico, independente de um padrão hormonal para a sua produção e não suscetível de modificação por substâncias endócrinas.[1]
Todavia, apesar de sua força, tais observações podem não ser conclusivas, e talvez seja possível admitir algum fator genético/biológico predisponente para a homossexualidade, o que poderia estar de acordo com a presença do pecado na raça e com toda sorte de deformidades e anomalias resultantes da ruptura entre homem e Deus na queda. Ainda que isso seja possível, parece muito nítido que o peso do fator ambiental-psicológico é bem mais determinante. A maioria dos homossexuais apresenta constituição física plenamente compatível com um papel heterossexual.
Parece, portanto, válido dar atenção à hipótese ambiental-psicológica. Os estudos na área psicológica têm apontado para o fato de que situações históricas específicas na vida podem contribuir para a formação de uma conduta homossexual. O próprio S. Freud considerava a homossexualidade um desvio, devido a aberrações no desenvolvimento emocional da criança. As pesquisas têm demonstrado que uma relação de ruptura/apego com respeito ao pai/mãe têm papel deveras relevante enquanto causa da homossexualidade. Conforme descrito por Cornelia Wilbur, o problema é visto da seguinte maneira, exemplificando o homossexualismo feminino:
O modelo homossexual parece ter ligação com tipos específicos de constelações familiares, a mais comum das quais provavelmente inclui uma mãe dominadora, hostil e anti-heterossexual e um pai fraco, omisso, desligado e inexpressivo. A ambivalência e a hostilidade da mãe podem tender a intensificar os problemas edipianos com o pai… As relações sexuais femininas caracterizam-se por uma grande ambivalência, um grande anseio de amor, intensos elementos de hostilidade e a presença de uma ansiedade crônica.[2]
Com uma avaliação na mesma linha, os alunos do Seminário Talbot (La Mirada CA) traçaram um perfil dos pais de homossexuais que estavam recebendo aconselhamento.[3]
Com respeito à mãe, concluiu-se que ela:
- preferia o filho que se tornou homossexual;
- era dominante;
- gastava tempo acima da média com seu filho;
- não reforçava atividades e atitudes masculinas no filho;
- exigia ser o centro da atenção do filho;
- desencorajava atitudes e atividades masculinas no filho;
- reforçava atitudes e atividades femininas no filho;
- tomava o lado do filho em oposição ao marido;
- preferia o filho ao marido abertamente;
- preocupava-se indevidamente em proteger o filho de machucar-se
- na infância, tornou o filho muito dependente de si mesma quanto à tomada de decisões e na tarefa de dar conselhos.
Com respeito ao pai, conclui-se que ele:
- preferia um dos outros filhos;
- o filho homossexual era o filho menos amado;
- gastava muito pouco tempo com este filho;
- conforme o filho, não o aceitava nem o respeitava;
- falhou em reforçar atitudes masculinas no filho.
- era odiado ou temido pelo filho.
- era pouco respeitado e aceito pelo filho.
- não expressava afeto pelo filho.
- era menos respeitado pelo filho do que outros parentes (homens).
- não era apoiado pelo filho em seus argumentos.
- seu filho tinha mais facilidade de relacionar-se com a mãe.
- conforme o próprio filho, via as posições do filho como algo que o feria e o irritava.
- na opinião do filho, não considerava suas necessidades.
- não era visto com admiração pelo filho.
Ainda que todas essas características tenham um papel relevante contribuindo para a formação de um conduta homossexual, isso não exclui a participação do indivíduo, que também toma esta atitude por sua deliberação. Somos, pelo menos parcialmente, um produto do meio, frente ao qual reagimos. Isso significa que as influências sejam importantes, a nossa reação e atitude perante elas são determinantes. O homem é o que ele faz, pelo menos em parte. Nem todos que tiveram pais de perfil semelhante reagiram de modo igual. É importante reforçar a liberdade do homem, condição fundamental de sua humanidade. Há, de certa forma, uma cumplicidade por parte da “vítima” de qualquer processo ou experiência negativa, quanto esta resolve se entregar a determinados delitos por isto ser-lhe agradável, cômodo ou servir-lhe de expressão de revolta ou ainda de autocomiseração. Deve ficar claro que uma relação de afeto demasiado entre mãe/filho e pai/filha, ou uma ruptura profunda entre pai/ filho e mãe/filha, às vezes acompanhados de experiências homossexuais na infância, são elementos fundamentais para a “homossexualização” de alguém. Todavia, há sempre um caminho de retorno por meio de uma tomada de atitude, de um abrir-se para curar os traumas do passado por meio da graça de Deus em Jesus Cristo.
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[1]William H. Perloff, “Hormônios e Homossexualidade”, em A Inversão Sexual, 63.
[2]Cornelia Wilbur, “O Ponto de Vista Clínico”, em A Inversão Sexual, 228.
[3]Veja “Counselling the Homosexual”, The Evangelical Review of Theology 4:4 (outubro de 1980) 285-286.
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