Por Sean McDowell e John Stonestreet
“Acabou,” ele (John) tristemente me disse. “Nós perdemos.”
Essas palavras vieram de um guerreiro machucado, um pastor que dedicou muito de seu ministério ensinando cristãos a aplicarem a fé fora da igreja e a se oporem a coisas como casamento homossexual. Entretanto, ele pensava que sua posição, a qual ele investiu tanto tempo e energia defendendo, estava derrotada. Ele estava lambendo suas feridas e pensando no que fazer.
Sentimentos como esses não são incomuns e nós podemos simpatizar com eles, mas também podemos esperar que eles não durem muito tempo. O status legal de algo não altera sua veracidade nem a sua reivindicação sobre as nossas vidas. Como cristãos, nós ainda somos responsáveis pela instituição que chamamos de casamento como Deus a criou, tanto quanto somos responsáveis pelas crianças no útero das mães, independente de ser o aborto legal na cultura pós Roe vs. Wade.
Cristãos informados e eloquentes podem fazer a diferença na conversa sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Sim, aqueles que desejam promover o casamento natural devem superar uma responsabilidade passiva, uma enrijecida mentalidade contra a questão e a dificuldade de apresentar um caso cativante e razoável para a nossa posição.
Aqui estão algumas ideias:
1. Nós podemos mudar nossa reputação como aqueles que odeiam gays para aqueles que os amam.
Cristãos tem sido culpados por demonizar pessoas que são atraídas pelo mesmo sexo ou tem dificuldades com sua identidade de gênero, bem como aqueles engajados em atividades homossexuais.
Sempre que deixamos de tratar qualquer pessoa com a dignidade merecida, como portadores da imagem de Deus, nós comprometemos nosso testemunho cristão. Isso simplesmente nunca deve ser assim.
Isso começa com a próxima pessoa que conhecemos. A realidade é que, muitas vezes, nossa afirmação de amor por aqueles que lutam com questões de identidade sexual, ou por aqueles que estão presos no pecado homosexual, parece superficial senão evidenciado por ações. O amor não é passivo.
Todos os humanos merecem respeito independente de raça, gênero, idade, status socioeconômico, orientação sexual, ou qualquer outro status que seja secundário para ser um portador da imagem de Deus. Deus ama todas as pessoas e nós devemos amá-las também. A mensagem de Jesus é a mesma para todos os pecadores, e isso nos inclui.
2. Nós devemos falar a verdade sobre a atração pelo mesmo sexo, o pecado homosexual e o casamento homossexual.
É tentador minimizar a moralidade bíblica para tornar o cristianismo mais palatável, mas amar os outros requer dizer a verdade, inclusive, quando necessário, que o comportamento homossexual é um pecado. Amar não é enganar as pessoas e sugerir que Deus aprova qualquer e todo comportamento sexual. Ele não aprova.
Note que nós não dissemos que inclinações homossexuais são necessariamente um pecado. Por outro lado, muitos cristãos concluem que Deus deve estar bem com o comportamento homosexual ou ele tiraria essas inclinações. Qualquer atividade sexual fora das normas dadas do casamento é pecado. Devemos dizer a verdade.
Um incômodo muito grande é se a homossexualidade é uma questão de escolha. Muitos cristãos sem sensibilidade repete diversas vezes que é, mas para muitos homens e mulheres que nós conversamos que lutam com a atração pelo mesmo sexo não é. Eles olham para suas vidas e dizem: “Eu nunca teria escolhido isso. Eu não consigo não me sentir assim. Já tentei me sentir heterossexual, mas nada mudou.” Nós acreditamos neles. Nós devemos tomar cuidado com nossas palavras.
3. Nós podemos parar de inferir em nossas palavras e ações que o pecado homosexual é pior que todos os outros pecados sexuais e que pecados sexuais são imperdoáveis.
Nós vivemos numa época de uma ampla e quebrada cultura sexual. Muitas vezes, a homossexualidade é destacada como “o que há de errado com os Estados Unidos” enquanto outros pecados sexuais recebem uma piscadela e um aceno com a cabeça. Isto é errado.
Nós não estamos dizendo que todos os pecados são iguais. Mas a realidade é que nenhum de nós é melhor que o outro em termos de culpa perante Deus. É por isso que é tão equivocado e insidioso agir como se nós, de alguma, fôssemos mais merecedores da graça porque nós não lutamos contra aquele pecado. Nós não somos mais merecedores da graça que qualquer outra pessoa. Com isso em mente, nós deveríamos ser mais graciosos com aqueles os quais a luta é diferente da nossa.
A atração pelo mesmo sexo não desqualifica pessoas da fé crista ou do serviço cristão mais do que qualquer outra tentação. Se alguém vive em obediência à vontade de Deus, nós deveríamos desejar sua presença e, se apropriado, sua liderança. Numa época de grande comprometimento sexual na igreja, talvez Deus esteja levantando homens e mulheres que estão superando esta tentação para ajudar o Seu povo.
4. Nós podemos defender a liberdade religiosa de todo americano.
Direitos de consciência são preciosos e vale a pena protegê-los. Para proteger a sua própria liberdade religiosa, os empresários cristãos devem ser capazes de demonstrar (e documentar) um curso claro de como a fé molda as operações do dia a dia. Eles devem desenhar linhas éticas claras e devem ser consistentes na realização destas linhas, especialmente quando se trata de sexualidade e casamento.
É vital que todos nós defendamos a liberdade religiosa. Ainda que não estejamos no matadouro, muito em breve poderemos estar. Nenhum cristão deveria descartar isso.
Cristãos devem distinguir entre discriminação contra uma pessoa gay e negar participar de certos comportamentos. Cristãos não devem negar serviços para alguém por causa de sua identidade como gay ou como lésbica. Nossas ações devem ser baseadas em convicções, não em ódio.
5. Nós podemos contar melhores histórias sobre amor, sexo, casamento e família.
A atual safra de contadores de histórias culturais é contar esta história como eles a vêem, e isso não está ajudando nossa causa. Precisamos de artistas pró-casamento para envolver as pessoas no nível de sua imaginação. Precisamos ouvir e ver histórias que refletem a beleza do amor ao longo da vida conjugal de uma forma convincente. As pessoas devem ver o lado bom do casamento em ação.
Não poderiam as igrejas destacar casais em suas congregações que estão juntos há anos? Não poderiam artistas fazerem filmes e escreverem canções com histórias que inspiram pessoas a acreditarem, uma vez mais, no casamento?
Histórias simplistas com finais “felizes para sempre” não funcionarão. Cristãos com frequência contam histórias utópicas sobre casamento e família, nas quais todos os conflitos são perfeitamente consertados por um pedido de desculpa e oração. A vida é mais complexa e quebrada que estas histórias relatam, mas o Evangelho é grande o suficiente para a pior das realidades. Nossas histórias, músicas, filmes e livros deveriam ser assim também. Nós devemos ver e saber que perdão, fidelidade e redenção são possíveis. Isto ajudará pessoas a acreditarem no casamento novamente.
6. Nós devemos ansiar por conversas sobre casamento e estar prontos para elas quando vierem.
É enlouquecedor quando líderes cristãos são pegos de surpresa quando questionados no canal de televisão nacional sobre o casamento homossexual. A pergunta será feita. A oportunidade deve ser aproveitada para falar a verdade em amor.
Nós também seremos perguntados, em nossos jantares de família, nas aula e nos dormitórios da faculdade, nos escritórios de trabalho, nas viagens de avião e nas festas da vizinhança. Se não estivermos preparados quando as perguntas vierem, nós nos encontraremos escolhendo pelo silêncio ou pelo comprometimento.
Não erre. Mesmo que nossas palavras sejam eloquentes e amorosas, mesmo que tenhamos um histórico de carinho, nós corremos o risco de sermos envergonhados ou ostracizado. Talvez enfrentemos consequências injustas, como uma nota baixa ou a perda de um emprego. Nós precisamos estar prontos para isso também.
Nota do editor (do artigo em inglês): esta amostra é adaptada de Sean McDowell e John Stonestreet’s Same-Sex Marriage: A Thoughtful Approach to God’s Design for Marriage. Baker Books, uma divisão do Baker Publishing Group, 2015.
Fonte: The Gospel Coalition.
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