Por Ellen Castillo
O desespero de um pai
“Por favor, dê um jeito no meu filho!”
Talvez os pais não articulem seu desespero exatamente dessa maneira, mas esse é o apelo que muitas vezes está nas entrelinhas quando procuram aconselhamento para seu filho adolescente.
É fácil entender esse desespero. Quer você seja ou não pai de um adolescente, você já encontrou adolescentes difíceis de lidar e desafiadores. Quando as lutas de um adolescente parecem ir além daquilo que nossa sociedade considera um “comportamento normal de adolescente”, nós costumamos nos sentir incapazes e despreparados para lidar com a situação.
O cinismo que não é bíblico
Em nossa sociedade e em nossas igrejas, existe uma atitude em relação aos adolescentes que é cínica e contrária à Bíblia. Esse cinismo diz:
- Todos os adolescentes passam por um período de rebeldia; isso faz parte do seu desenvolvimento e eles precisam passar por isso.
- A geração mais jovem está deixando a igreja em massa; é um problema muito grande para o qual não temos respostas.
- Eu não entendo os adolescentes e não consigo me relacionar com eles.
- Os adolescentes não querem falar com alguém da minha idade; não temos nada em comum.
- Não há como alcançar o coração de um adolescente; ele já está muito influenciado pela cultura.
- Os adolescentes não são capazes de seguir a Cristo; eles são muito egocêntricos.
Talvez você possa adicionar a essa lista mais alguma atitude cínica de sua preferência. Para poder ministrar devidamente aos adolescentes, devemos nos arrepender do nosso cinismo e pensar biblicamente no que diz respeito aos jovens.
A perspectiva bíblica
Na verdade, os adolescentes podem estabelecer um relacionamento transformador com Jesus Cristo. Sua rebeldia pode ser alcançada pela Palavra de Deus. Pela graça de Deus, podemos nos comunicar e relacionar com os adolescentes, e eles podem apreciar o relacionamento conosco e a busca da sabedoria. Temos muito em comum com eles – somos todos pecadores que precisam de um Salvador. É muito maior o número de semelhanças do que de diferença entre nós. Todos nós somos egocêntricos; a idade não altera isso. Muitos jovens chegam à fé em Cristo e querem caminhar na fé, em obediência, e muitos estão dispostos a ouvir como a Palavra de Deus e o evangelho lidam com seu pecado e seu sofrimento.
O medo mantém muitos conselheiros e discipuladores afastados do ministério com jovens. Aqueles que estariam de outra forma bem posicionados para discipular os adolescentes permitem, muitas vezes, que seu cinismo prevaleça sobre seu mandato para servir a geração mais jovem (Tito 2). O medo faz com que os pais se esquivem de atuar efetivamente junto aos filhos. O medo faz com que os conselheiros errem o alvo no servir os jovens com seu ministério. O medo provoca maior desânimo e cinismo.
O papel do conselheiro
Conselheiro, se o medo o mantém afastado do discipulado da geração mais jovem, quero encorajá-lo a repensar seu ministério. É necessário entender qual é o seu papel na vida dos adolescentes.
Em primeiro lugar, estes são alguns papéis que não pertencem ao conselheiro.
- O conselheiro não é um substituto dos pais.
- O conselheiro não deve ser o principal discipulador do adolescente.
- O conselheiro não deve ser o único confidente do adolescente.
- O conselheiro não deve tomar partido ao lado dos pais nem do adolescente.
Em segundo lugar, este são alguns papéis que pertencem ao conselheiro:
- O conselheiro deve se posicionar ao lado de ambos – do adolescente e dos pais – quer os pais estejam ou não presentes no aconselhamento. O aconselhamento de adolescentes enquadra-se na categoria de “aconselhamento familiar”.
- O conselheiro, em geral, não deve aconselhar um menor sem envolver também os pais.
- O conselheiro deve dar esperança tanto para o adolescente quanto para os pais, e mostrar que uma mudança é possível. Providencie para ambos as ferramentas espirituais e práticas para navegar nos anos da adolescência. Seja um mediador quando necessário. Explique os princípios bíblicos para buscar a paz e utilize-os durante os encontros de aconselhamento.
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