Em “Are your counselees god-fearing Christians?” (Os seus aconselhados são cristãos que temem a Deus?), Shannon Kay McCoy escreve sobre a importância de ensinar o verdadeiro temor a Deus durante o aconselhamento, e ajudar o aconselhado a aplicá-lo às circunstâncias da vida.
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Aprendendo o temor do Senhor
Quando foi a última vez que você escutou alguém dizer “Ela é uma mulher temente a Deus” ou “Ele um homem temente a Deus”? Se você tem mais de 40 anos de idade e cresceu no Bible Belt, é possível que você tenha escutado isso uma ou duas vezes. Bem, esse é um conceito perdido na sociedade atual. Nem mesmo os cristãos referem-se uns aos outros como homens ou mulheres tementes a Deus. Será que sequer sabemos o que isso significa?
Houve um tempo na história em que uma das principais qualidades que tanto homens quanto mulheres procuravam na escolha do cônjuge era o temor a Deus. De modo geral, aquelas pessoas procuravam alguém que poderia ser descrito como um cristão piedoso, reverente diante de Deus, assíduo na igreja local e comprometido com viver de acordo com os padrões cristãos.
Um dos objetivos do conselheiro bíblico é ensinar os aconselhados a serem homens e mulheres tementes a Deus. No Salmo 34.11, o rei Davi instrui o povo a escutá-lo para ele possa ensinar o temor do Senhor: “Venham, meus filhos, ouçam-me; eu ensinarei a vocês o temor do Senhor”.
O temor pecaminoso
A maioria das pessoas que buscam aconselhamento bíblico encontram-se em uma situação de crise. Elas estão desesperadas atrás de uma solução para seus problemas. Elas têm um temor evidente ou latente de pessoas e/ou de circunstâncias. A visão que elas têm de seus problemas é maior que a visão que têm de Deus. O temor pecaminoso está cegando e as impedindo de fixar os olhos no temor a Deus. Chame isso de pressão de grupo, de agradar pessoas ou de codependência, o temor é a força motriz. Em seu livro Quando as Pessoas São Grandes e Deus é Pequeno, Ed Welch diz que as pessoas são “controladas por qualquer um ou qualquer coisa que acreditem que possa lhes dar o que acham que precisam” (p. 13).
O temor pecaminoso leva a pensamentos, palavras e ações pecaminosas. Os aconselhados veem seus problemas como sendo mais fortes e significantes que Deus. Quando nossos problemas são maiores que Deus, eles nos controlam. Eles têm o poder de controlar o que sentimos e o que fazemos. Provérbios 29.25 diz: “Quem teme o homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro”.
O temor do Senhor
Nossos aconselhados sabem que Deus deve ser maior que os problemas que eles enfrentam, mas eles não conseguem ver isso. Nosso objetivo é ensiná-los a temerem a Deus mais do que eles temem as pessoas ou os problemas. O temor do Senhor é reconhecer a superioridade de Deus e o poder de Deus sobre o homem, reconhecer a divindade de Deus e responder em reverência, humildade, louvor, amor, confiança e obediência. John MacArthur diz: “O temor do Senhor é um estado de espírito em que as nossas atitudes, a vontade, os sentimentos, as ações e metas pessoais são trocados pelos de Deus” (The MacArthur Study Bible, p. 865).
Nosso conselho baseado nas Escrituras deve estar ligado essencialmente ao temor do Senhor. Nossos aconselhados precisam conhecer a Deus e aplicar a sabedoria de Deus aos seus problemas. O temor do Senhor é o princípio do conhecimento e da sabedoria. Provérbios 9.10 diz: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência”. Todo pensamento, toda motivação, palavra e ação deve ser influenciada pelo temor do Senhor. Vivendo pelo temor do homem e das circunstâncias, os aconselhados demonstram uma falta de sabedoria – “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina” (Pv 1.7).
Quando nossos aconselhados nos contam sobre seu temor de homens ou de circunstâncias, nós os ensinamos a temer ao Senhor, conhecendo quem Ele é. O Salmo 91 é uma ótima passagem para ensinar ou trazer à lembrança quem é Deus. O Salmo 91 ensina-nos que Deus é nosso abrigo e lugar de descanso (v. 1), nosso refúgio, nossa fortaleza, nosso Deus (v. 2), nosso Salvador (v.3), nosso amparo, escudo e baluarte (v. 4), nossa morada (v. 9), nosso guardião (v. 11), nosso libertador e protetor (v. 14), pronto a responder e nosso Redentor (v. 15), nossa salvação. Essa compreensão de Deus coloca na devida perspectiva qualquer problema que os aconselhados estejam enfrentando. Precisamos ser sábios em reconhecer como uma compreensão correta de Deus afeta os problemas dos nossos aconselhados.
Devemos ensinar que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e sabedoria é a aplicação do conhecimento do nosso maravilhoso Deus aos problemas da vida. Provérbios 2 é uma passagem excelente para descobrir o valor da sabedoria. Essa passagem nos ensina a buscar a sabedoria para nossa vida. O aconselhado deve fazer um esforço para ganhar sabedoria para lidar com seus problemas. Isso envolve deixar de lado o ensimesmamento, aceitar as palavras de Deus e guardá-las em seu coração (v 1). Os imperativos nessa passagem denotam que não há espaço para passividade espiritual. Há oito imperativos:
- aceite as palavras de Deus;
- guarde os mandamentos de Deus;
- dê ouvidos;
- incline o coração;
- clame por entendimento;
- grite alto por discernimento;
- procure a sabedoria como se procura a prata;
- busque a sabedoria como quem busca um tesouro escondido.
Nosso papel como conselheiros é ajudar os aconselhados a entender como buscar a sabedoria e fazer disso um estilo de vida.
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