Por Paul Tripp
Semana passada, escrevi sobre as tentações e os perigos de procurarmos nossa identidade nas realizações e conquistas. Hoje quero falar sobre outra armadilha tão tentadora e perigosa para nossa identidade: os relacionamentos.
Assim como Deus nos criou para sermos trabalhadores bem-sucedidos, Ele também nos fez para vivermos em sociedade. O plano dele, desde o início, era que nós tivéssemos relacionamentos significativos com outras pessoas. É uma das razões pelas quais Deus diz “Não é bom que o homem esteja só.” (Gênesis 2:18)
Nossa vida em comunidade é uma das maneiras primárias de refletirmos a imagem de Deus; você já considerou o fato de que Deus é, ele mesmo, uma comunidade? Partindo do básico: os relacionamentos são essenciais à nossa vida. Na verdade, nossos relacionamentos são tão essenciais que Deus nos deixou o mandamento de amarmos uns aos outros como algo menos importante apenas do que a ordem de amarmos ao próprio Deus (Mateus 22:37-39).
Mas da mesma maneira como o pecado afeta nossa habilidade de trabalhar duro para a glória de Deus, ele também prejudica nossa capacidade de construir relacionamentos de forma saudável. Nossos corações enganosos são atraídos pela ideia de que outros seres humanos podem nos dar algo que apenas Deus é capaz de oferecer.
Se você tem filhos, será tentado a pensar que sua identidade é definida neles. Os pais começam a viver para os filhos e ver a vida por meio deles. Conquistar a admiração e o respeito dos filhos e garantir que eles sejam bem-sucedidos (achamos que somos capazes disso) tornam-se aquilo que faz os pais levantarem da cama todas as manhãs.
Cedo ou tarde, esse tipo de relacionamento com seus filhos vai desmoronar. Nossas crianças não nos foram dadas como troféus que exibimos na galeria de nossas identidades. Na verdade, o sucesso delas é motivo de louvor ao Pai, que deu a elas tudo o que era preciso para que chegassem onde estão. Como pais, nunca somos mais do que instrumentos nas mãos redentoras de Deus.
Da mesma maneira, se você é casado, será tentado a encontrar sua identidade em sua esposa. Nós nos sentimos tão cheios de vida quando nossos cônjuges nos elogiam e dão carinho, mas rapidamente ficamos desencorajados e irritadiços quando somos ignorados ou desvalorizados.
Buscar nossa identidade em nosso cônjuge nunca vai funcionar bem. Nenhum pecador é capaz de ser nosso castelo forte; só Deus pode, como nos relembra aquele clássico hino. Mas ainda mais importante: quando você busca sua própria identidade em outra pessoa, você não a está amando; você a está usando para amar a si mesmo.
Filhos e cônjuges são, provavelmente, os alvos mais comuns quando buscamos encontrar nossa identidade nos relacionamentos, mas também podemos agir assim com amigos, alguma celebridade que conhecemos, e até mesmo nosso pastor! Essa é uma forma parasitária de viver e quase sempre termina em desapontamento.
Os relacionamentos humanos são incapazes de nos garantir vida, contentamento, felicidade e alegria, de modo que, quando procuramos neles nossa fonte de identidade, é questão de tempo até nos decepcionarmos. Nunca é demais lembrarmos: nossa identidade está segura apenas em uma Pessoa – Jesus Cristo!
O amor dele, ao contrário do de outras pessoas, nunca falha. Sua obra, ao contrário da de outras pessoas, está completa. Então corra para o Senhor hoje. Como o salmista diz, “o Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador; o meu Deus é o meu rochedo, em quem me refugio. Ele é o meu escudo e o poder que me salva, a minha torre alta.” (Salmo 18:2)
Tradução de Eduardo Tavares
Original em Paul Tripp Ministries
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