Por Paul Tripp
Nas duas últimas semanas, tenho escrito sobre viver no temor do Senhor, e como isso afetará nossa participação em nossas igrejas locais e o modo como encaramos nossa carreira. Hoje farei o terceiro e último devocional adaptado do meu mais recente livro: Awe: Why It Matters for Everything We Think, Say, & Do.
Eu repito o tempo todo: há poucas coisas na vida que têm o mesmo grau de importância do que a criação de filhos. Quão significativo é o chamado de pais e mães para serem os principais instrumentos na formação de uma alma humana? É um chamado que deveríamos aceitar com humildade e santo temor, mas também com excitação e coragem, porque Cristo é conosco e por nós.
Mas, ao longo dos anos, tive milhares de conversas com pais cristãos que estavam desencorajados, raivosos, tristes e prontos para abandonar a tarefa (ou que já tinham abandonado). Milhares de pais não sabem o que ou por que estão fazendo as coisas. Eles perderam o rumo, ou, como em muitos casos, nunca souberam como começar.
Por que isso acontece? Bem, há muitas razões, eu suponho, mas pelo bem do devocional de hoje, quero considerar apenas uma: nós caímos na armadilha de acreditar que nosso chamado é para fazer cumprir as regras, quando, na verdade, Deus nos chamou para restaurarmos o temor. (Nota de tradução: no original, o autor faz uma brincadeira sonora com as palavras “law” – lei, regra – e “awe” – temor maravilhado – que têm pronúncias parecidas.)
As regras são importantes na criação de filhos? Claro que sim! Sua família não funcionaria se cada filho pudesse fazer e dizer o que quisesse. A disciplina é necessária? Sim, e o livro de Provérbios está repleto de indicações sobre isso. Mas suas estratégias de criação de filhos devem ser mais profundas do que apenas estabelecer regras e fazer com que sejam cumpridas. Você deve mirar o coração de seu filho.
Sob as camadas da personalidade deles, seus filhos têm corações criados para ter temor, mas o pecado os desviou desse propósito, impelindo-os a se afastarem do Senhor; isso não deveria ser novidade para você, a julgar pela sua própria experiência! Então, Deus ordena aos pais que façam tudo o que puderem para restaurar o temor do Senhor em seus próprios corações e no de seus filhos.
Como fazer isso? Permita-me dar alguns exemplos:
- Fale: É muito cômodo para nós trocarmos algumas conversas superficiais com nossos filhos. Em vez disso, escolha assuntos focados no coração e centrados no evangelho. Fale a eles sobre quão significativos são os relacionamentos humanos e como o pecado tem a capacidade de destruí-los. Fale sobre as razões pelas quais podemos e devemos amar nossos irmãos, vizinhos, amigos e colegas de classe. Fale sobre identidade e sobre as razões que nos levam a construí-la com base no mundo, em vez de Cristo.
- Mostre: Deus criou o mundo físico para refletir seu esplendor e poder. Leve seus filhos para ver os animais favoritos deles no zoológico e contemplem juntos, maravilhados, as cores e formas. Viagem para uma região de montanhas, ou para um lago; vão pescar; assistam o sol se pôr – e enquanto fazem isso, lembre seus filhos de que toda essa criatividade veio da mente de Deus.
- Imite: Quando seus filhos desobedecerem às leis de Deus, trate-os como Deus nos trata. Imite Deus ao controlar seu tom de voz; ao olhar para seus filhos; imite Deus na natureza do caráter Dele. Toda vez que você exercer autoridade, imite a paciência, a firmeza, graça, sabedoria, amor, ternura, misericórdia, perdão e fidelidade da autoridade de Deus.
- Compartilhe: Finalmente, quando seus filhos estiverem lutando contra o pecado, compartilhe com eles suas próprias lutas: “eu também fico bravo quando as coisas não acontecem do jeito que eu quero – eu sei como você se sente e, às vezes, reajo do mesmo jeito.” Ou então: “quando as pessoas fofocam sobre mim pelas costas, sinto vontade de espalhar boatos sobre elas também, assim como você.” Não finja diante dos seus filhos que você não luta contra o pecado, assim como eles. Compartilhe da dor deles e os direcione para o auxílio e para a esperança que encontramos em Cristo.
Eu disse, no começo desse devocional, que nós devemos encarar a criação de filhos com humildade e santo temor. Por quê? Porque eu e você não temos capacidade de falar, mostrar, imitar e compartilhar. O pecado e o egoísmo roubam nossas melhores intenções como pais, e reagimos com raiva, impaciência e justiça própria.
Somente quando vivemos no temor do Senhor, e da glória e da graça dele, é que somos capazes de ajudar nossos filhos a fazerem o mesmo. Você não pode dar o que seu coração não possui. Então, por que você não passa os próximos minutos pedindo a Deus que restaure o temor dele em sua alma?
>> Original em PaulTripp.com
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