Por Tim Stafford
Como menino criado na igreja, aprendi que a impureza sexual é algo sério. Com certo encorajamento por parte de outros cristãos, procurei aniquilar a lascívia do modo mais óbvio: por meio de técnicas de autocontrole. Uma estratégia foi varrer do meu ambiente todo estímulo à lascívia — filmes, revistas. Outra foi também varrer da minha mente todo pensamento lascivo — as fantasias sexuais.
Qualquer pessoa que tenha levado a sério a lascívia pode acrescentar algo à lista das técnicas de autocontrole. Banhos frios, exercício físico, ocupação constante, versículos memorizados: tudo isso já foi testado na tentativa de acabar com a lascívia. De modo geral, não funciona. Essas técnicas podem ajudar a colocar a lascívia de lado por algum tempo, mas certamente não a eliminam. A mente humana é tão forte que pode usar qualquer imagem para alimentar a lascívia — pense nos islamitas conservadores, que cobrem até o rosto das mulheres.
Curiosamente, não encontrei nenhuma dessas técnicas na Bíblia. No Novo Testamento, as técnicas vêm claramente em segundo lugar. O apóstolo Paulo escreveu aos Colossenses: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto. […] Pensai nas coisas lá do alto”. Depois é que ele continua: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria” (Cl 3.1-5).
Primeiro, pensai nas coisas lá do alto. A salvação é oferecida em Jesus – mediante Sua vida, morte e ressurreição. Ele nos perdoa, justifica-nos e dá o Seu Espírito para nos santificar. A vida no Espírito nos transforma. Domínio próprio é parte do fruto do Espírito, resultado de uma vida cheia do Espírito. A promessa de Paulo aos Colossenses é clara e direta, além de tremendamente ampla: “Vivam pelo Espírito e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne” (Gl 5.16 NVI).
Andar no Espírito? Nossa sociedade dedica-se a incitar a lascívia com propósitos comerciais. Somos inundados diariamente pela estimulação sexual que vem por meio do mundo das imagens digitais. Diante disso, os conselhos dados na escola dominical para cultivar pensamentos puros parecem ineficazes, até mesmo ingênuos. Creio, porém, que Paulo esteja pensando menos no momento da tentação e mais em uma batalha espiritual que dura a vida inteira.
Os desejos não vão embora apenas porque queremos que seja assim, eles não desaparecem como uma bolha de sabão quando oramos.
Os desejos vão desaparecendo aos poucos, quando outros desejos maiores e melhores ocupam seu lugar. Jesus nos ensinou a orar por um novo tipo de desejo: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Teu nome, venha a nós o Teu reino, seja feita a Tua vontade”. É assim que o Espírito opera, implantando o desejo de santidade em nosso coração, uma cobiça santa que cresce e ofusca todos os outros desejos. Uma estratégia baseada apenas no “diga não” jamais será suficiente para mudar a direção de maneira duradoura. Somos encorajados pelas Escrituras a dizer sim – sim para o caminho do Espírito.
Fomos “sepultados” com Cristo e “ressuscitados” com Ele pelo Espírito. Agora, portanto, fazemos nossas escolhas de acordo com essa verdade, a ponto de nos tornarmos “servos uns dos outros” pelo amor (Gl 5.13), em lugar de servirmos a nós mesmos e à lascívia.
Quando andamos no Espírito – ou seja, vivemos uma vida cristã plena em oração, louvor e serviço – progredimos rumo às melhores coisas. Praticamos o autocontrole porque desejamos o que Deus deseja para nós. Queremos algo melhor, dado pelo próprio Deus. Desejamos ter uma vida plena em Cristo e tudo quanto Ele nos concede com essa vida. Essa é uma ambição boa. Um homem e uma mulher que desejam a prática sexual conforme biblicamente proposta – sexo somente com o cônjuge – revelam a atuação de Deus em sua vida. Desejar o seu cônjuge é bom, é parte da vida no Espírito – é desejar o que Deus deu.
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