Por Paul Tripp
É a única verdade bíblica na qual ninguém acredita. Na verdade, eu diria mais, trata-se de uma heresia teológica bem comum, com a qual estamos acostumados como cristãos:
“A culpa não é minha.”
Se você perguntar a uma garotinha o porquê de ela ter batido no irmãozinho, ela não dirá a você que foi por causa do pecado no coração dela. Não, ela dirá: “ele estava me provocando”.
Se você perguntar ao adolescente por que ele chegou em casa tão tarde, ele não assumirá a culpa. Nada disso. Ele lhe contará uma longa história sobre um acidente na avenida, então sobre o longo tempo de espera pelo metrô, então sobre o cano que estourou e inundou a rua pela qual ele sempre passa na volta para casa.
Se você perguntar a um pai por que ele está tão zangado o tempo todo, ele não lhe dirá que é por causa do egoísmo e da impaciência no coração dele. Em vez disso, ele culpará os filhos, ou a esposa, ou o chefe; eles são capazes de deixa-lo maluco!
Se você perguntar à moça solteira por que ela é tão triste e insatisfeita, ela não lhe dirá que é por causa da inveja que mora no coração dela. Ela falará sobre todas as vezes em que a vida foi dura, e sobre como os amigos dela não merecem as coisas boas que conseguiram.
Se você perguntar ao homem mais velho por que ele é tão rabugento e sujo em sua maneira de falar, ele não lhe dirá que é por causa da amargura que se infiltrou no coração dele durante décadas. Nada disso. Ele falará sobre todas as vezes em que, ao longo da vida, não pôde obter o que tinha certeza que merecia.
Veja, é claro que a vida em um mundo caído é difícil. Há males terríveis e coisas aparentemente injustas acontecem conosco, nos pequenos momentos e nos grandes também. Mas nosso maior problema na vida não mora do lado de fora; ele está dentro de nós.
Jesus demoliu essa perspectiva de se auto justificar, tão típica do comportamento humano, no Sermão do Monte: “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’.
Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’, será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco! ’, corre o risco de ir para o fogo do inferno; “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.” (Mateus 5:21-22; 27-28)
O pecado é um problema do coração antes de ser uma questão de comportamento. Tem a ver com o que se esconde dentro de nós antes de ser algo sobre o que acontece conosco. O mal dentro de mim é que me conecta com o mal fora de mi. Então, precisamos confessar hoje, novamente, que nós somos nosso maior e pior problema.
Eu e você não precisamos tanto assim sermos resgatados de pessoas difíceis, locais tentadores e situações estressantes. Não, nós precisamos ser resgatados de nós mesmos. Podemos alterar nossas circunstâncias, mas não temos capacidade de nos livrarmos dos padrões destrutivos do pecado e do egoísmo que habitam nossos corações.
Hoje, embora a vida seja dura e as pessoas nos pressionem, não digamos “não é minha culpa”. Em vez disso, oremos como Davi: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.” (Salmo 51:10)
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