No capítulo “Como Cristãos devem considerar Moisés”* do livro Martin Luther’s Basic Theology Writing, está escrito:
A LEI DE MOISÉS É PARA OS JUDEUS E NÃO PARA OS GENTIOS
…[A lei de moisés] não tem mais vínculo para conosco porque foi dada apenas ao povo de Israel. (…) Os Gentios possuem certas leis em comum com os Judeus, como estas: há apenas um Deus, ninguém pode fazer mal ao próximo, ninguém deve adulterar ou roubar, e outras como estas. Estas foram escritas pela natureza em seus corações; eles não as ouviram direto do céu, como os Judeus. Esta é a razão pela qual este texto inteiro não pertence aos Gentios.
… Moisés foi um intermediário unicamente ao povo judeu. Foi para eles que ele [Deus] deu a lei. Portanto, devemos silenciar as bocas daqueles espíritos facciosos que dizem: “Assim diz Moisés,” etc. Aqui você simplesmente responde: Moisés não tem nada a ver conosco. Se eu tivesse que aceitar Moisés em um mandamento, eu teria de aceitar Moisés por inteiro. Assim, a consequência seria que se eu aceitasse Moisés como mestre, então eu teria de me circuncidar, lavar minhas roupas de forma judaica, comer, beber e se vestir e tudo o mais, e observar todas essas coisas. (…) Moisés está morto. Seu governo terminou quando Cristo veio. Ele não é mais necessário.
Que Moisés não está ligado aos Gentios pode ser provado em Êxodo 20[:1], onde Deus diz: “Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, fora da casa da da escravidão.” Este texto deixa claro que até mesmo os Dez Mandamentos não nos pertence, pois Deus nunca nos tirou do Egito, mas apenas os Judeus. (pp.138,139)
A leitura de todo o capítulo é altamente recomendada. Lutero, inclusive com o trecho acima citado, se mostra averso ao conceito tripartidário da Lei e mostra claramente outros argumentos do seu ponto:
Os Gentios não estão obrigados a obedecer Moisés. (p.141)
* Tradução minha do título da seção.
Tags: Lei Lutero Moisés
