Por Paul Tripp
Tenho um bom amigo chamado George; nos conhecemos há 40 anos. George e eu temos muito em comum, mas uma diferença entre nós é uma dura realidade física: George é cego.
Quanto mais tempo eu passo com George, mais Deus usa esse relacionamento para abrir meus olhos às realidades espirituais da vida nesse mundo caído. Há quatro coisas que aprendi e quero dividir com vocês.
1 – Pessoas cegas têm consciência da condição delas.
George é um homem de perspicácia e determinação, e a história de vida dele é repleta de momentos de coragem, esperança e realizações. Como isso é possível? Porque George não vive em negação. Quando ele era jovem, confrontava a triste realidade da deficiência dele e vivia determinado a fazer escolhas que permitissem a ele viver plenamente, mesmo que ele não conseguisse enxergar.
Contudo, quando se trata de cegueira espiritual – e agora falo de você e de mim – nem sempre reconhecemos que somos cegos, ou vivemos negando esse fato. Imagine se George resolvesse fingir que tem uma visão perfeita, deixando de usar os recursos e ferramentas que são necessárias à sobrevivência dele. Seria uma tremenda imprudência! Quando eu e você ignoramos nossa cegueira espiritual, estamos fazendo a mesma coisa.
2 – Temos dois pares de olhos.
Mais importante do que nossos olhos físicos, também enxergamos pelos olhos do coração. Meu amigo George é cego fisicamente, mas, espiritualmente, ele tem uma ótima visão. Todo dia, George exercita essa habilidade misteriosa que Deus concede a seus filhos, para que vejam o invisível.
Aprendi com George que nossa vida é sempre moldada pelo que nossos olhos conseguem ver. Se isso é verdade com relação aos olhos físicos, quão mais importante é a verdade com relação aos olhos do nosso coração? O que você procura com os olhos do coração, ou o que você se permite ver, terão impacto radical sobre o que você deseja, o que escolhe, suas palavras e atitudes.
3 – Pessoas cegas não vivem de forma independente.
Quando George passou a encarar sua deficiência com seriedade, ele se abriu para pessoas na vida dele que se preocupavam e que tinham conhecimento e habilidade para ajudá-lo. Confiar nos outros não é fácil para pecadores orgulhosos, mas George se abriu para toda uma comunidade disposta a ajudá-lo.
Pessoas espiritualmente cegas precisam fazer a mesma coisa. Os recursos para uma vida santa podem ser encontrados em uma comunidade bíblica. Precisamos de pessoas que não apenas nos ajudem ver o que não conseguimos sozinhos, mas que também nos ajudem, amorosamente, a admitir o quão cegos realmente estamos. Enquanto o pecado permanecer, continuaremos voltando à situação de cegueira espiritual.
4 – O dia da visão perfeita está chegando.
Se você tem uma visão boa, ou enxerga bem com a ajuda da medicina moderna, nem sempre pensa sobre o impacto que a eternidade terá sobre seus olhos físicos. Mas George pensa. Ele espera ansioso pelo dia em que não será mais cego.
Da mesma forma, nós deveríamos estar cansados de sermos enganados. Nós deveríamos estar exaustos da forma como vivemos, distorcida por nossa cegueira. Assim como meu amigo George, nós deveríamos ter uma expectativa ardente pelo dia em que nossos olhos, com visão perfeita, conseguirão enxergar a beleza do Senhor para sempre!
Eu aprendi muito com meu amigo George, e espero que você também tenha aprendido. Eis algo importante: eu aprendi que sou mais parecido com ele do que diferente, e isso mudou minha vida.
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