Leia um trecho do livro de um dispensacionalista sobre a lei e veja se isso é verdade:
OS DEZ MANDAMENTOS
Por Marcos Granconato
No sentido de revelar o caráter santo e reto de Deus e de expressar ao homem a justiça que deve guiar sua vida, o “decálogo” (Êx 20.1-17) é uma parte nobre da lei, precedendo o “livro da aliança” (Êx 20.22—23.33). Sua forma prioriza apresentar proibições, isto é, aparecem na forma negativa — oito dos dez mandamentos —, provavelmente por apontar onde o relacionamento com Deus estava sendo afetado.
Contudo, como lei de estatutos, sofreu o mesmo efeito que o restante da lei depois da obra de Cristo. Paulo chega a associar o decálogo — “gravado com letras em pedra” — ao que ele chama de “ministério da morte” (2Co 3.7) e de “ministério da condenação” (2Co 3.9), afirmando que sua glória não se compara ao “ministério do Espírito” e da “justiça” (2Co 3.8-9). Entretanto, se como estatuto legal, ele, com o restante da lei, condena o homem, como exemplo ideal de “preceito justo”, aproxima o servo de Deus, justificado pela fé, da comunhão e da intimidade com o Senhor.
O primeiro mandamento revela que […]…
Sendo assim, o decálogo aponta para o fato de que o proceder honesto, santo e íntegro, contendo diretrizes morais e éticas, é válido para toda a raça humana, e não apenas para os israelitas da aliança. O motivo disso é o fato de os “justos preceitos” de Deus transparecerem na lei, indicando que tipo de procedimento é necessário para andar com o Senhor. Em vez disso, as gerações posteriores dos israelitas fizeram o contrário, tornando-se repreensíveis (Jr 7.9-10).
O procedimento moral perfeito apontado no decálogo é coroado pela porção seguinte de lei e chamada “livro da aliança” (Êx 20.22—23.33). A retidão e a integridade nos relacionamentos, seja com Deus, seja com os homens, demonstra que o decálogo não é um conjunto utópico de normas jogadas em um lugar fadado ao esquecimento. A moral perfeita requerida dos israelitas pode ser vista na síntese de assuntos do livro da aliança proposta por R. K. Harrison:
I. A forma geral da adoração israelita (20.22-26).
II. Legislação civil (21.1—23.13).
A. O direito dos escravos (21.2-11).
B. O princípio da lex talionis (21.12-32).
C. Leis concernentes à propriedade (21.33-36).
D. Leis concernentes ao roubo (22.1-4).
E. Leis concernentes ao dano de propriedade (22.5-6).
F. Leis concernentes à desonestidade (22.7-15).
G. Leis concernentes à sedução (22.16-17).
H. Leis que envolviam obrigações sociais e religiosas (22.18-31).
I. Proteção dos direitos (23.1-13).
III. Legislação cerimonial com as três principais festas (23.14-19).
IV. O relacionamento do Deus da aliança com seu povo (23.20-33).
É nítido, no livro da aliança, o desejo de Deus de ver seu povo andando em santidade, pureza, honestidade e devoção no relacionamento com Deus e com as pessoas ao redor, o que enaltece o caráter moral do decálogo. Sendo assim, todos os que querem andar com Deus devem considerar com muita seriedade os “preceitos justos” contidos nos Dez Mandamentos e no restante da lei, sem, contudo, o fazer “cumprimento de estatutos”. A “justiça da lei”, e não a “lei”, deve ser o modo de nos relacionarmos com Deus. Afinal, “andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Am 3.3).
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