Por Paul Tripp
Quando foi a última vez que você disse em voz alta, ou pelo menos pensou, “eu necessito de (preencha a lacuna) em minha vida”?
Talvez, para você, a lacuna signifique morar em um certo local. Talvez um trabalho específico, com o qual você sempre sonhou, ou um certo patamar de salário. Talvez seja um relacionamento ou um status – ser um marido/esposa, um pai, um avô, um CEO, um político eleito, um pastor sênior, ou o que quer que seja.
A palavra “necessidade” é uma das mais imprecisas e mais exageradamente usadas do vocabulário humano. Se necessidade significa algo essencial para a vida, então, a maioria das coisas de que dizemos necessitar não são, na verdade, necessárias. Elas são apenas desejos – não necessariamente desejos pecaminosos – mas são apenas desejos, não necessidades.
Será que vale a pena fazer essa distinção? Eu acho que sim! Eu listei abaixo três coisas significativas que acontecem dentro de nós quando dizemos que necessitamos de algo:
- Nós achamos que temos o direito de ter o que nomeamos como necessidade.
- Nós achamos que temos o direito de exigir a tal necessidade.
- Nós medimos o amor dos outros pela disposição deles em nos dar o que dizemos que necessitamos.
Imagine esse cenário: uma mãe leva o filho ao shopping, e ele encontra um par de tênis que deseja. Sem saber a diferença entre desejo e necessidade, ele diz: “Mãe, eu preciiiiiiiiiiiiiso daqueles tênis.” Então, ele começa a exigir os tênis, e quando a mãe diz não, o filho questiona o amor da mãe, porque ela não deu a ele o que ele disse que necessitava.
É uma interação cômica e, aparentemente, inocente entre mãe e filho, mas penso que, às vezes, agimos assim com nosso Pai Celestial. Nós determinamos em nossos corações que “necessitamos” de algo na vida que é, na verdade, apenas um desejo. Então, à medida que o tempo passa, começamos a demandar tal coisa, e se Deus não nos dá, da maneira e no tempo que exigimos, julgamos que ele não nos ama.
Lembre-se dessa verdade: só porque a Bíblia diz que Deus é bom, não significa automaticamente que ele vai nos dar tudo o que nós consideramos bom em nossos corações terrenos.
Em vez disso, em sua graça, Deus está nos libertando de nossas limitadas definições do que é bom, de tal forma que possamos experimentar o bem enorme e satisfatório que Ele planejou para nós. A graça nos abre as portas para que experimentemos o que é eternamente bom, verdadeiro e correto. A graça nos convida a um bem que jamais poderíamos imaginar, merecer ou conquistar.
E, tão importante quanto isso: não pense que Deus está sempre “sonegando” de seus filhos. Ao contrário, ele é extremamente generoso e já nos deu “tudo o que precisamos para a vida e para a piedade” (2 Pedro 1:3). Jesus nos diz para não ficarmos ansiosos quanto a nossa vida, porque nosso Pai Celestial sabe exatamente quais são as nossas necessidades, e ele está comprometido a provê-las. (Mateus 6:25-34)
É bom que os cristãos desejem uma bela casa, uma carreira de sucesso e uma vida confortável. Mas é ainda melhor chegar ao ponto em que você não precisa de nenhuma dessas coisas para estar de bem com a vida. Deus lhe abençoará com coisas físicas, mas tudo de bom que ele pode lhe dar é apenas um sinal que aponta para o bem supremo que pode ser encontrado apenas nele.
Eis a conclusão: o que necessitamos, e o que Deus promete, não é uma situação, ou um local, bens, status ou relacionamento. O que precisamos, e o que ele já nos deu por meio de Cristo, é ele mesmo. Que presente poderia ser melhor que esse?
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