Por Paul Tripp
Já esteve tão frustrado, zangado, ferido, deprimido ou exausto a ponto de simplesmente erguer as mãos e dizer “por que eu deveria continuar me preocupando com isso?”
Algumas experiências que provocaram essas emoções em mim foram:
– Políticos ou empresários corruptos abusando do poder para obterem ganho pessoal.
– Hostilidade de algum vizinho contra minha família apesar de nossas tentativas de mostrar a eles bondade e hospitalidade.
– Tendências imorais e pervertidas em nossas culturas sendo celebradas e promovidas.
– Doenças incuráveis e deficiências que fazem a vida ser muito dura.
– Estatísticas de violência, crimes e abusos generalizados e nossa aparente incapacidade de reverter esse quadro.
– Terrorismo e guerra entre nações e grupos religiosos que destroem países.
– Suscetibilidade pessoal para certos pecados que me fazem tropeçar regularmente.
Em meio às minhas frustrações, dores e tristezas, por mais vezes do que eu gostaria de admitir, pensei: “por que eu deveria sequer me preocupar em levar uma vida justa? Talvez eu devesse desistir de seguir o caminho de Deus e ir atrás do máximo de prazer que eu puder ter aqui e agora”.
Se você também já teve pensamentos assim, saiba que não somos os únicos. O salmista Asafe escreveu “pois tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses ímpios; certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência” (Salmo 73:3,13).
Asafe está discutindo com o Senhor. Ele resmunga “eu obedeço às suas ordens e é isso que eu recebo em troca? Os outros ignoram a sua existência e prosperam, e quando eu sigo a sua Palavra, eu recebo apenas sofrimento e problemas”.
Não sei você, mas eu já estive no lugar de Asafe algumas vezes. É por isso que eu amo a honestidade contida na Palavra de Deus – especialmente nos Salmos. Porque ela nos permite sermos honestos sobre nossas experiências também.
Mas as Escrituras não apenas permitem que sejamos honestos a respeito dos nossos dilemas; ela nos dá também soluções úteis e que nos dão esperança. Poucos versículos depois, Asafe responde aos próprios resmungos dele: “a quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre” Salmo 73: 25-26.
Por que deveríamos nos preocupar com a justiça quando outros que não se preocupam parecem viver vidas ótimas? Porque Deus nos recebeu no Reino eterno dele.
Por que deveríamos seguir o caminho de Deus mesmo quando parece haver outro mais próspero? Porque não há prosperidade neste mundo que se compare com um relacionamento íntimo com o Criador.
Por que nós deveríamos obedecer a Palavra de Deus mesmo quando nossa vida não faz o menor sentido? Porque o Autor da Palavra tem um plano perfeito, que sempre será cumprido.
Assim como Asafe, nossos olhos afetados pelo pecado nem sempre enxergam. Nossas mentes finitas nem sempre entendem. Nossos corações inconstantes nem sempre confiam. Nossas almas tímidas nem sempre têm fé. Mas Deus quer ouvir sobre nossos medos, dúvidas e confusões.
Acima de tudo, Cristo tinha motivos para dizer “por que eu deveria sequer me preocupar com os pecados deles?” Ele experimentou o maior dos aborrecimentos para salvar-nos de nós mesmos. Essa é a razão seguirmos em frente!
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