Por Paul Tripp
2/4 artigos de uma série sobre criação de filhos
Se você está lutando, frustrado, e se sentindo sobrecarregado como pai, pode ser porque você tem sido um pai confuso.
Tenho notado em minha própria vida, e nas das pessoas que aconselho, que muitas mães e pais confundem a vontade de Deus na criação de filhos com suas próprias vontades. Embora raramente isso seja consciente, causa um impacto significativo na vida de todos na família.
Veja como acontece: muitos pais são motivados mais pelo que eles desejam de seus filhos e para eles do que pelo que Deus planeja fazer por meio deles na vida das crianças.
Quero resumir essa confusão toda com dois simples identidades: a de Dono, e a de Embaixador.
O pai-dono não é notoriamente egoísta, abusivo ou destrutivo. Tudo parece correto, no lugar, e esse estilo de criação de filhos resulta em muitas coisas boas. Mas ele é, no fundamento, equivocado, errado, e não vai produzir o que Deus deseja nas vidas daqueles que estão sob nossos cuidados.
Já no caso do pai-embaixador, o primeiro passo é o radical e humilde reconhecimento de que os filhos não pertencem aos pais. Ao contrário, eles pertencem a Deus, para cumprir os propósitos Dele (veja o Salmo 127:3).
Embaixador (de 2 Coríntios 5:20) é a perfeita identidade que se relaciona com chamado de Deus para os pais. A única coisa que um embaixador faz, se ele realmente quer manter seu emprego, é representar fielmente a mensagem, os métodos e o caráter do líder que o enviou.
Criar filhos é um trabalho de embaixador, do começo ao fim. Essa atividade não pode ser guiada por interesses ou necessidades pessoais, nem por perspectivas culturais. Cada pai é chamado a reconhecer que foi colocado nesta terra, em um período específico de tempo, para fazer apenas uma coisa na vida dos filhos: representar a vontade de Deus.
Devo admitir: eu já fui muito ruim nas coisas sobre as quais estou escrevendo agora! Eu frequentemente tratava meus filhos (hoje crescidos) como se eles fossem minhas propriedades. Eu sempre tomava a paternidade em minhas próprias mãos e fazia coisas que não deveria ter feito. Eu era, com frequência, um mau representante de Deus, impulsionado mais por medo do que por fé e procurando ganhos de curto prazo mais do que transformação a longo prazo.
Você é como eu, provavelmente. Que pai ou mãe pode olhar para o passado com seus filhos sem um pingo de arrependimento? É por isso que é tão importante reconhecer, humildemente, o quão não-óbvio o modelo de pai-embaixador é e buscar a ajuda e o poder que só Deus pode dar.
Nossa natureza pecaminosa faz de nós mais donos do que embaixadores. O pecado faz de nós mais exigentes do que pacientes. O pecado faz com que achemos a punição mais natural do que a graça. O pecado faz com que sejamos mais capazes de enxergarmos e nos angustiarmos pelo pecado, pelas fraquezas e falhas dos outros do que pelos nossos próprios. O pecado nos torna mais falantes do que ouvintes.
O que tudo isso significa: o que mais atrapalha nosso objetivo de sermos embaixadores em vez de donos somos nós mesmos! Confessar isso com humildade é o primeiro passo em nossa caminhada como embaixadores.
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