Por Paul Tripp
Meus dois filhos mais velhos têm diferença de dois anos entre si. Eles são adultos hoje, mas quando eram mais novos, lembro de uma briga que tiveram. Não consigo lembrar especificamente a razão, provavelmente algo tolo e insignificante. Foi uma entre muitas brigas, como acontece com todos os irmãos.
O que eu realmente lembro é de quão áspero o tom deles era, como suas palavras estavam cheias de acusação, e como a escolha de vocabulário deles era agressivo. As sentenças deles eram elaboradas para arrancar lágrimas, em vez de achar a solução para o conflito.
Eu nunca ensinei meus filhos a falar daquele jeito. Será que eles tinham ouvido o pai deles falar assim com a mãe? Com eles? Sim, infelizmente. Mas eu nunca sentei com eles e disse “garotos, se vocês quiserem ganhar uma discussão e conseguir o que querem, essa é a maneira de fazer isso.”
Nesse momento tão comum, Deus me lembrou: a tendência natural do coração humano é empregar palavras de forma egoísta para conseguirmos o que desejamos.
Ainda ouvindo a discussão, Deus abriu meus ouvidos para que eu percebesse quão poderosas as palavras podem ser. Já que eu frequentemente não ouço o que digo, ou entendo como minhas palavras são recebidas, Deus estava dando vida e fôlego àquela famosa passagem da Palavra em Tiago 3.
“A língua é fogo, um mundo de iniquidade… é um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero… Com a língua nós amaldiçoamos as pessoas feitas à semelhança de Deus.”
Mais de 25 anos depois, aquela briga ainda me faz refletir hoje: com que frequência eu naturalmente uso minhas palavras poderosas para conseguir o que eu quero? Com que frequência eu ameaço, manipulo, acuso, culpo ou calunio as pessoas que fazem parte da minha vida com as coisas que eu falo?
Se somos parecidos de alguma forma, sei que você faz o mesmo. Seja honesto, mas não desanime. Deus nunca revela o que há em nossos corações para nos desencorajar. Convencer-nos do pecado é uma das maneiras mais profundas que Ele tem de demonstrar amor por nós.
Além disso, Deus nunca estabelece padrões elevados para nosso modo de falar e exige que atinjamos esses padrões sozinhos, enquanto Ele mesmo fica lá, sentado, esperando a hora em que fracassaremos. Ao contrário, Ele nos dá tudo que precisamos na vida para falar como Deus quer que falemos (2Pedro 1:3).
Como ele faz isso? Ele enviou a Palavra – Jesus Cristo – para se tornar carne e sangue (João 1:14) e nos ajudar com nossas palavras. Temos poder e riquezas gloriosas à nossa disposição por meio de Cristo, e da habitação do Espírito Santo em nós.
Ao longo desta semana, escute a si mesmo falando. Note quão natural é para você usar as palavras por razões egoístas. Preste atenção ao vocabulário poderoso que está à sua disposição. Lamente e confesse o quão ameaçador, manipulador, acusador ou caluniador você tem sido quando usa suas palavras.
Mas não perca a esperança. A Palavra veio a nós para nos libertar do poder do pecado. Podemos experimentar uma nova maneira de falar!
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