Por Paul Tripp
Quando minha mãe estava nos momentos finais de vida, no hospital, sendo mantida artificialmente por aparelhos, eu evitei ir ao quarto dela pelo máximo de tempo possível.
Do ponto de vista médico, eu sabia que a morte dela era inevitável. E do espiritual, eu sabia que a morte dela a levaria à vida eterna. Mas nenhuma das duas visões me deixou preparado para o momento quando ela daria seu último suspiro.
A morte deveria ser odiada universalmente. Algumas mortes produzem um luto maior do que outras, mas qualquer tipo de morte deveria ser intuitivamente contrária à experiência humana.
Deus não nos criou para morrermos, ou sequer para experimentarmos perigos, machucados, sofrimentos, dificuldades, provações ou perdas. Vida seguida de vida era o plano original.
Então, quando o Criador fala positivamente sobre a morte, isso deveria nos deixar confusos: “pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará” (Lucas 9:24).
Esse é um dos versículos que todos os cristãos decoram, mas se estivéssemos junto com a multidão quando Jesus disse essas palavras, teríamos ficado chocados e perplexos.
Apenas quando recuamos um pouco e examinamos a narrativa bíblica inteira é que enxergamos um tema recorrente em toda a Escritura: a morte realmente leva à vida e a vida realmente leva à morte.
Eis aqui quatro exemplos com os quais você se identificará, então, certifique-se de aplicá-los ao seu dia-a-dia.
1 – No Jardim do Éden, a vida levou à morte. Adão e Eva foram enganados pela promessa de que eles “seriam como Deus”. O que poderia ser uma fonte de vida maior do que se tornar como o próprio Deus? Mas isso não passava de um engano com consequências mortais.
2 – Na cruz, a morte levou à vida. Para consertar o que havia sido quebrado no Éden, Jesus, voluntariamente, se sacrificou para derrotar o pecado. Pela morte e ressurreição dele, a vida é dada gratuitamente àqueles que creem.
3 – O mundo promete vida, mas no fim, conduz à morte. É sobre isso que escrevi no texto anterior. Áreas como individualismo, luxúria, materialismo e gula parecem ser fontes de vida no momento, mas levam o corpo e a alma à ruína.
4 – Jesus promete vida, se nós morrermos para o ego. Aquele que sacrificou a própria vida para que pudéssemos ter vida agora nos chama, como discípulos dele, a sacrificar nossas vidas por ele. Quando fazemos isso, experimentamos as alegrias transcendentes do Reino eterno de Deus.
O chamado para negar a si mesmo será um desafio, mas lembre-se – é também uma graça redentora. Você nunca encontrará uma fonte de vida em seu cônjuge, seus filhos, em ter cada vez mais posses, ou ser mais estimado pelos amigos, nos lugares mais lindos do mundo ou mesmo no conhecimento teológico.
Tomar sua cruz diariamente significa fazer morrer seus desejos pecaminosos e egoístas e aceitar o convite cheio de vida que o inimigo e o mundo jamais poderiam oferecer: a glória incomparável de conhecer a Cristo.
Esse é o melhor presente do mundo. É o melhor banquete do universo. É a única coisa que dará significado à sua vida e preencher você com alegria definitiva.
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