Autor Anônimo
No início dos anos 90, a Internet começou sua jornada de popularização nos lares brasileiros: modens barulhentos e lentos abriram as portas para um novo mundo e uma transformação que alteraria por completo a maneira como nos informamos, buscamos entretenimento, nos comunicamos, fazemos negócios e, igualmente, como nossa sexualidade se expressa. Desde então, nunca mais fomos os mesmos e foi justamente nesse contexto, que as afiadas garras da pornografia passaram a penetrar no meu ainda adolescente coração, produzindo uma nefasta dependência que se estenderia por quase três décadas.
Naqueles anos, o anonimato e privacidade proporcionados pela Rede serviam como um substituto imbatível para as revistas de conteúdo pornográfico. O acesso quase que imediato e gratuito, a milhares de fotos de mulheres nuas, nas horas mais avançadas da madrugada, permitiam que o deus da idolatria ao prazer passasse a ser erigido no centro do meu coração, à medida em que eu, simultaneamente, buscava fortalecer minha caminhada com o Senhor em minha igreja local.
Olhando para aqueles anos, imagino como minha comunhão e capacidade de serviço ao Senhor poderiam ter sido completamente alterados, tivera eu sido biblicamente confrontado por pais, líderes ou amigos atentos a esse mal, e que pudessem de forma clara, transparente e objetiva, demonstrado como aquele nascente hábito teria o potencial de dominar minhas afeições, hábitos e paixões, pelas décadas que se seguiriam.
Os anos seguintes a essas primeiras interações com a pornografia na Internet foram caracterizados por fases que alternavam uma entrega incontrolável e diária a sites com conteúdo cada vez mais explícito e períodos de um real arrependimento, seguidos por um desejo genuíno de abandonar aquele que se tornaria o maior e mais poderoso inimigo dos meus anos de vida adulta.
Ao longo desses anos de escravidão à pornografia, percebo como o Senhor manifestou de forma tão intensa sua longanimidade e misericórdia em minha vida, mesmo quando o orgulho e a egocêntrica busca pelo satisfação dos meus desejos sexuais, tomavam o posto central e prioritário no comando da minha vida adulta.
Entronizado o deus da busca pela autossatisfação em minha vida sexual, não levou muito tempo para que os propósitos e valores em minha vida profissional e familiar também passassem a viver sob o domínio do orgulho e da idolatria aos meus próprios interesses e ambições, me distanciando cada vez mais da santidade e pureza exigidos por Aquele que nos comprou com Seu próprio sangue (cfe. 1 Pedro 1:1-15)
Nos primeiros anos de casamento, o ciclo de sucessões de entrega ao pecado, arrependimento e desejo de libertação se manteve. Naqueles dias, já era impossível ignorar como o consumo da pornografia inviabilizaria por completo a vida fiel e frutífera que eu honestamente desejava viver como servo de Deus em minha igreja, como marido, pai e profissional, à medida em que eu era crescentemente confrontado por artigos, livros e pregações que não deixavam dúvidas sobre como esse vício nos afasta da comunhão plena com o Senhor e afronta sua propriedade sobre nossas vidas (cf. 1 Coríntios 6:20)
Em meio a profundas transformações que o Senhor passou a promover em meu caráter, através de grandes provações e dificuldades em minha vida profissional e pessoal, estabeleci o objetivo de abandonar por completo minha então incontrolável paixão pela pornografia.
Em vão, imaginei que o mero contato e exposição a um conteúdo teológico adequado, através de livros e outros materiais sobre o tema seria suficiente para desarraigar esse pecado. O orgulho e o desejo de autopreservação de minha imagem e reputação me impediam de cumprir aquele que era o único ponto em comum mencionado em todos esses materiais dos quais eu passara a me alimentar em minha busca pela libertação: a prestação de contas a um irmão na fé.
Muitos meses marcados pela frustração e desespero da entrega ao pecado sexual se seguiram, à medida que eu percebia de forma crescente, como a pornografia afetava minha comunhão com o Senhor Jesus Cristo e me afastava de sua presença. Foi nesse contexto, em que decidi que o anonimato de uma vida mergulhada na obscuridão de um pecado escondido, secreto e pelo qual vinha sendo dominado há tantos anos, era incompatível com o chamado à santidade de Cristo em minha vida e que minha autoimagem e senso de preservação não tinham qualquer valor comparado a uma vida íntegra e de fiel obediência ao Senhor. (cf. Gálatas 2:20)
Procurei a ajuda de um irmão que se prontificara e um post de uma rede social a caminhar ao lado de pessoas lutando contra o domínio da pornografia e ao longo dos últimos meses tenho sido acompanhado, animado, motivado e exortado por esse irmão a refletir de forma bíblica, sobre as verdadeiras causas desse vício.
Entendendo e vivendo a realidade de que que o poder de Deus se aperfeiçoa em nossas vidas quando reconhecemos nossa absoluta dependência dEle e daqueles que Ele coloca em nossa jornada de santificação, tenho podido experimentar ao longo dos últimos seis meses, a transformação de minha afeição pela curta, intensa e vazia satisfação proporcionada pela pornografia, em um prazer muito mais sólido, perene e completo, caminhando em obediência a Deus.
Hoje, a mera lembrança daqueles sites e vídeos, me causam repulsa e percebo como meu coração, embora ainda calejado pelo pecado e por tentações na área sexual, tem sido diariamente transformado, à medida que minha idolatria pela satisfação de meu ego é substituída pelo entendimento prático e concreto de que minha vida não mais me pertence e que nenhum tipo de prazer proporcionado pela carne, se compara a uma vida de integridade absoluta e de obediência às verdades eternas de Deus.
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