Por Paul Tripp
Quando foi a última vez que você experimentou ira? Possivelmente você não precisará voltar a fita muito longe para se lembrar da última vez.
Sua ira foi feia? Você disse ou fez algo que agora se arrepende? Você gostaria de poder voltar atrás e apagar as palavras e ações dos ouvidos e olhos de seu cônjuge, filhos, amigos, vizinhos e colegas de trabalho?
Hoje quero fazer algo que soa contra-intuitivo: quero encorajar a sua ira.
Quer dizer, apenas se sua ira for sobre alguma coisa maior do que você.
A ira, como todas as coisas na vida, tem que começar em Deus (Gn 1.1). Primeiro, precisamos reavaliar o que pensamos sobre o Senhor e Sua ira. Na maioria das vezes, nós presumimos que a ira é a parte sombria do caráter de Deus que nós precisamos manter escondido do mundo.
Nosso pai celestial não tem um lado sombrio! João diz: Deus é luz; nele não há treva alguma (1Jo 1.5). É impossível que haja alguma coisa má em Deus, o que significa que ele é tanto justo como irado ao mesmo tempo (veja Êx 32.10; 34.6; Dt 29.28; 2Rs 22.13, Sl 2.12, 30.5; Rm 1.18; e mais).
A ira é um das mais belas caratcterísticas de Deus. De fato, Sua ira é uma esperança brilhante para o mundo. Porque Ele é justamente irado, nós podemos descansar, seguros de que tudo o que o pecado destruiu será restaurado.
Isso significa que deveríamos ser irados também.
Num mundo onde nada acontece da forma como foi criado e onde o mal geralmente tem mais influência que o bem, seria errado da nossa parte não ficar irado.
Você simplesmente não pode olhar para o mundo com os olhos da verdade e com um coração comprometido com o que Deus diz é reto e bom, sem ficar irado com o estado das coisas. Num mundo caído, a ira pode ser boa, construtiva e essencial.
Sejamos claros: a ira do Senhor é um “Grande Reino” de ira, sempre trabalhando para corrigir o que está errado, com paciência, justiça, misericórdia e graça.
Você e eu, por outro lado, iremos lutar entre o “Grande Reino” da ira e o “pequeno reino” da ira. Porque o pecado nos faz quem nós somos, ficaremos irados, exigentes e críticos pelas razões erradas.
Então, entre o já e o não ainda, nossa ira será uma guerra. Isto será uma guerra entre a vontade de Deus e a nossa vontade, entre o plano de Deus e o nosso plano, entre o deejo de Deus e o nosso desejo e entre a soberania de Deus e a nossa busca para governarmos a nós mesmos. É uma guerra lutada em toda situação, local e relacionamento da nossa vida.
Você deveria ser irado. As coisas que fazem Deus irado deveriam fazê-lo irado e, assim, levá-lo a uma ação justa.
Porém, seja cauteloso – seu coração tenderá a se irar pelas razões erradas.
A sua ira lhe encorajará a ser um curador, restaurador, resgatador e reconciliador? Ou sua ira deixará um legado de medo, dor, desapontamento e divisão?
Deus lhe oferece graça para ser justo e irado ao mesmo tempo!
>> Original em PaulTripp.com
Tradução de T. Zambelli
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