Por Paul Tripp

Você tem vivido uma vida espiritualmente isolada?

Quantos de seus amigos cristãos estão realmente cientes das principais áreas de dificuldade e tentação em sua vida? Quantas conversas autênticas e úteis você teve recentemente sobre essas áreas?

Dentro do corpo de Cristo, que deve ser a comunidade mais honesta do mundo, muitos de nós existimos numa rede de relacionamentos com nível bem superficial. Nós vivemos com a ilusão de que nos conhecemos, mas nós realmente não nos conhecemos. Nós chamamos nossas conversas de descontraídas, auto-protetoras e muitas vezes com o clichê teológico “comunhão”, mas raramente chegamos ao limiar da honestidade bíblica.

Conhecemos detalhes demográficos frios um do outro: casados ou solteiros, número de filhos, ocupação, localização da residência e talvez um hobby. Todavia, sabemos pouco sobre a luta da fé que é travada todos os dias por trás de limites pessoais bem mantidos.

O chamado à comunidade bíblica

Quando lemos em Gênesis 2:18: “Não é bom que o homem esteja só”, essas palavras não são o grito solitário de Adão, mas faladas por Deus como uma expressão do seu desígnio criativo. Desde o início, Deus projetou homens e mulheres para serem seres sociais. Se a comunidade era vital no mundo perfeito antes que o pecado nos entortasse e nos torcesse, tanto quanto ao nosso redor, quanto mais vital é agora que vivemos em um mundo caído!

Ouça a promessa da aliança feita a Abrão: “Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados”. (Gênesis 12.2,3 NVI)

Este não foi apenas um pacto privado entre Abrão e Deus. Deus estava chamando Abrão para fazer parte de um povo. O propósito de Deus em trabalhar através da vida de Abrão foi corporativo. Ele estava levantando um povo sobre quem ele colocaria seu nome e a quem ele mostraria sua graça.

Reflita comigo sobre este resumo do propósito redentor de Deus em Jesus Cristo, que “se entregou por nós a fim de nos redimir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras” (Tito 2.14).

Paulo não fala sobre a obra de Cristo da maneira individualista que costumamos fazer. Ele reconhece que, embora Deus esteja chamando indivíduos para si mesmo, ele os reúne para formar um “povo para sua própria posse”.

Dizendo claramente: A religião moderna do cristianismo “Jesus e eu” não é o cristianismo da Bíblia.

É hora de se lembrar que sua caminhada com Deus é um projeto comunitário. É hora de sair do esconderijo e viver em relacionamentos honestos com pessoas que, com amor, segurarão o espelho da Palavra de Deus à sua frente, para que você possa ver quão profunda ainda é sua luta contra o pecado. É hora de se cercar de uma rede social que irá lembrá-lo do que você recebeu em Cristo.

E é hora de fazer o mesmo com seus irmãos e irmãs também! Os cristãos ao seu redor lutam exatamente como você, e o Deus que é sua esperança não se surpreende com a luta deles.

O Senhor sabe cada desafio e tentação de seu coração. É por isso que Ele enviou Seu Filho para viver, morrer e ressuscitar.

Original em PaulTripp.com
Tradução de T. Zambelli