Por Paul Tripp
Você nunca sofre somente aquilo que está sofrendo, mas você também sofre por causa do modo pelo qual você está sofrendo aquele sofrimento.
Deixe-me explicar, por meio da experiência com minha doença, o que quero dizer com essa frase.
Em 2014 eu fui ver um médico em razão daquilo que parecia ser somente sintomas pequenos. Antes de saber o que estava acontecendo, eles me internaram no hospital, o que se tornou uma dolorosa estadia de dez dias.
A história abreviada é que eu estava com uma insuficiência renal aguda e se tivesse esperado outros sete a dez dias para ir ao hospital, vocês provavelmente não estariam recebendo mais meus e-mails devocionais semanalmente.
Quatro anos e seis cirurgias depois, meus sintomas são tão controláveis quanto o possível, mas me deixaram um homem fisicamente afetado.
Eu aprendi e me lembrei de muitas coisas através do meu sofrimento. Talvez um dos princípios mais significativos seja este: nosso sofrimento é mais poderosamente moldado por aquilo que está em nosso coração do que pelo que está em nosso corpo ou no mundo ao nosso redor.
Não entenda mal o que estou dizendo. Meu sofrimento era real, a disfunção em meu corpo era real. A dor que passei era terrivelmente real, o dano aos meus rins é real, e a fraqueza que é agora parte da minha vida, continuará a ser real.
Mas o modo como vivenciei todas essas duras realidades foi moldado pelos pensamentos, desejos, sonhos, expectativas, medos e suposições do meu coração.
Sim, eu encarei a minha doença com a minha teologia no lugar certo, e acreditei que vivia em um mundo que gritava clamando por redenção, mas estava lutando com outra coisa dentro de mim.
Havia essa expectativa de que eu sempre seria como eu tinha sido; isto é, que eu sempre seria forte e saudável. Havia pouco espaço em minha vida, família e planos ministeriais para a fraqueza interna ou problemas externos.
Então, quando percebi que estava muito doente e que a fraqueza e a fadiga estavam comigo para o resto da minha vida, o golpe não foi apenas físico, mas emocional e espiritual também. Honestamente, não sofri apenas dor física, mas também uma dor ainda mais profunda da morte da minha ilusão de invencibilidade e do orgulho da produtividade.
O mesmo é verdade para você. Suas respostas às situações em sua vida, sejam físicas, relacionais ou circunstanciais, são sempre mais determinadas pelo que está dentro do seu coração do que pelas coisas que você está enfrentando.
Você nunca chega ao seu sofrimento de mãos vazias. Você sempre arrasta um saco cheio de experiências, expectativas, suposições, perspectivas, desejos, intenções e decisões para o seu sofrimento. O que você pensa de si mesmo, da vida, de Deus e dos outros afetará profundamente a maneira como você interage e responde à dificuldade que surge em seu caminho.
É por isso que o escritor de Provérbios diz: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida.” (Provérbios 4:23 NVI)
O que você está carregando em sua alma que tem o potencial de complicar o seu sofrimento? O que você está pregando para si mesmo que poderia permitir que você se esqueça das verdades do evangelho?
Nunca se esqueça: não importa que coisa dolorosa você esteja suportando, como filho de Deus, é impossível para você suportar tudo sozinho.
Aquele que criou este mundo e o governa com sabedoria, retidão e amor está em você, com você e para você, e nada tem o poder de separar você de seu amor.
>> Orginal em PaulTripp.com
Tradução de Robinson dos Santos
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