Por J. D. Greear (5 março 2018)
Existem duas coisas na minha vida das quais eu me sentia totalmente confiante até perceber que era grandemente despreparado. A primeira era sobre casamente e a segunda sobre ser pai.
Parece que não sou o único. Uma pesquisa recente do Perspectives on Family Ministry mostrou o seguinte:
85% dos pais cristãos admitem que apesar de saber que são responsáveis pelo desenvolvimento espiritual das suas crianças, a vasta maioria não se encontra pessoalmente envolvida em nenhuma atividade que possa guiar suas crianças para a maturidade espiritual, exceto levando-as à igreja.
Hoje nos encontramos em uma crise como pais e, até corrigirmos isso, todos os nossos esforços de engajamento cultural irão falhar.
O Salmo 127 é escrito especificamente sobre pais:
1Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. 2Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem. 3Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. 4Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. 5Feliz o homem que enche deles a sua aljava; (Salmo 127: 1-5a RA)
Nosso desespero como pais: nós não temos poder
O primeiro verso do Salmo 127 deixa claro que para uma casa se manter, Deus deve construí-la. Mas, muitos pais, têm o que eu chamo de “Filosofia Beatles” da parentalidade: tudo que você precisa é amor (da música all you need is love). A sabedoria aceita hoje é que se você tem amor, todo o resto ficará bem. Mas, eu conheço pais que amam suas crianças verdadeiramente, loucamente, profundamente e são péssimos pais.
Amor não é suficiente. A Bíblia ensina que nossas crianças têm muito mais que um problema de comportamento; elas têm um problema no coração. Elas estão espiritualmente mortas. E nenhuma medida do nosso amor é capaz de mudar isso.
Um dos conselhos recebidos e que mais me ajudou como pai foi esse: seja o pai e não o pastor. O pastor está sempre ocupado falando o que há de errado com elas. Um pai fica animado apenas com quem os filhos são. Você não pode forçar as afeições dos seus corações crescerem. Apenas o Espírito Santo pode fazer isso e Ele o faz na segurança de um amor incondicional.
Se seu foco for o coração de seus filhos e não o comportamento, isso irá mudar tudo – incluindo como você disciplina, como você ora e como você celebra o sucesso.
Nosso alvo como pais: missão
O Salmo 127:4-5 diz: 4Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. 5Feliz o homem que enche deles a sua aljava;
Qual o propósito de uma flecha? Jim Elliot, que estava explicando para sua mãe e para seu pai porque ele deveria deixar uma carreira promissora nos Estados Unidos para servir como missionário na América do Sul, disse:
O que é uma aljava cheia se não de flechas? E o que são as flechas se não para serem atiradas? Então, com o braço firme da oração traga a corda do arco para trás e deixe as flechas voarem, todos elas direto no exército inimigo.
As nossas crianças foram dadas a nós com o propósito da missão. Quando nós as tratamos como se não fossem flechas e mais como acessórios em nossas vidas, não estamos apenas as desnutrindo em seu desenvolvimento, mas também desencorajando-as de encontrar completamente o plano de Deus.
O chamado para seguir Jesus e o chamado à missão são os mesmos: siga a Jesus e ele os fará pescadores de homens. Quando aceitamos o chamado de Jesus você aceita o chamado à missão. Essa é a verdade que deve formar o jeito como criamos nossos filhos.
Nossos recursos como pais: casa e igreja
Esse Salmo tem duas audiências: os pais e a comunidade maior. Era lido no nascimento na casa de um bebê judeu e cantada por peregrinos que subiam a Jerusalém juntos durante a peregrinação anual.
Isso é porque Deus tem dois “jardins” nos quais ele cultiva seus filhos. A casa e a igreja. Em casa é onde crianças veem o evangelho sendo vivido, aprendendo a crer em Seu poder.
Nossos filhos irão aprender a crer no evangelho muito mais pelo modo como tratamos outras pessoas do que como o articulamos. Nossos filhos têm visto em nós um amor incondicional, graça, fidelidade, perdão e gentileza que dizemos que Deus tem para elas no evangelho?
Filhos também precisam de alguém ao lado de seus pais para falar em suas vidas e reforçar o que tem sido dito em casa. Reggie Joiner em Parenting Beyond Our Capacity , escreve:
Filhos precisam mais do que uma família que dê aceitação e amor incondicional, eles precisam de uma tribo que dá a eles um senso de pertencimento e de significância.
Minha esposa e eu temos tentado ser intencionais com relação a isso. Nós nos mudamos para um bairro onde sabemos que nossas crianças estarão ao redor de outras famílias cristãs que podem influenciar elas conforme elas crescem e desenvolvem relacionamentos estratégicos com outros pais que falam do evangelho à vida das nossas crianças.
Filhos se tornam como sua comunidade, então nós precisamos criá-los em uma comunidade maior da fé.
Nossa esperança como pais: a graça de Deus
Nesses versículos do Salmo 127 o sinal de que estamos caminhando com Deus é descansar. Mas, se você está dormindo, quem está vigiando a cidade? Deus está. Você faz o que pode e deixa o resto com Deus.
O apóstolo Paulo disse: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32). Deus salvou você quando você era inimigo dEle. Agora que é seu amigo, você não pensa que Ele o ajudará em como você educa seus filhos a amar o evangelho? Confie nele. Seu amor nunca falha e o poço de sua graça nunca fica seco.
>> Fonte: The Gospel Coalition
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