Por Jeremy Bell
A Igreja Metodista Unida (UMC, na sigla em inglês) ganhou as manchetes há alguns meses sobre uma das questões mais controversas que a Igreja enfrenta na América.[1] Todas as manchetes abordavam alguma variação da mesma pergunta: “O que a igreja deve afirmar ou rejeitar sobre o movimento LGBT?” Embora a UMC tenha votado – com razão – para manter a visão tradicional de sua denominação, esse debate pode não estar totalmente resolvido. O caso não foi encerrado porque a votação estava muito próxima. A UMC e outras denominações provavelmente abordarão esse problema novamente num futuro próximo. Devemos prestar muita atenção não apenas aos argumentos que esses grupos estão fazendo, mas também aos termos que esses grupos empregam nessa questão altamente emocional e potencialmente divisiva.
Este artigo procura fornecer a você uma maneira de esclarecer o termo “acolhimento” que está sendo usado por ambos os lados. Enquanto a nação assistia aos debates na conferência nacional da UMC, estava claro que ambos os lados estavam conversando sem se entenderem. Um grupo se opunha veementemente ao clero que praticava a homossexualidade, e o outro grupo era categoricamente a favor de não ter restrições à orientação sexual de alguém.[2] Portanto, desejo esclarecer o que significa o termo “acolhimento” da perspectiva tradicional. Ao esclarecer este termo para o público, minha esperança é que os leitores sejam capazes de entender o que a visão tradicional realmente acredita sobre ser “receptivo” a todas as pessoas.
Os defensores do movimento LGBTQ estão certos; a igreja deve ser um lugar “acolhedor” para todas as pessoas. Qualquer um que apareça às portas de qualquer igreja evangélica vem como uma pessoa com valor inerente. Todos são valiosos porque todas as pessoas são feitas à imagem de Deus (Gênesis 2:27). A igreja, portanto, recebe de braços abertos aqueles que se identificam como LGBTQ. A igreja deve receber a todos porque todos têm uma necessidade. A maior necessidade da raça humana é o dom gratuito da graça que vem somente de Jesus Cristo. Jesus Cristo é a única razão pela qual qualquer um e todos devem ser acolhidos pela igreja.
Portanto, quando se usa o termo “acolhimento” nesse sentido tradicional, se usa a palavra “acolhimento” com uma nuance salvadora. Em outras palavras, a igreja existe como o único lugar em que as pessoas que são LGBTQ – ou qualquer outra pessoa – podem encontrar a verdadeira cura em Cristo. A igreja deve ser o único lugar onde as pessoas são bem-vindas a fim de serem introduzidas na graça de Cristo. O evangelho impulsiona a igreja a ser aberta aos sexualmente imorais, ao ladrão, ao bêbado, ao abusivo, aos adúlteros ou idólatras, porque o evangelho de Jesus Cristo oferece a única maneira pela qual alguém pode ser perdoado, salvo e transformado (1 Coríntios 6:9–11). Quando uma igreja que vive firmemente o evangelho para todas as pessoas usa a palavra “acolhimento”, ela está tipicamente argumentando a partir do poder salvador do evangelho para todos os que creem em Cristo. A igreja é “acolhedora” a todos baseados nesta premissa do evangelho.
No entanto, a visão tradicional não usa “acolhimento” em um sentido posicional. Em outras palavras, a igreja não está acolhendo membros ou ordenando pessoas para o clero que não se arrependem da prática de qualquer pecado que seja. A única maneira de se tornar parte da igreja é através da fé em Cristo, somente. Esse tipo de fé leva a uma vida transformada. Leia as palavras de Paulo à Igreja em Corinto:
Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não se iluda: nem os sexualmente imorais, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os homens que praticam a homossexualidade, nem os ladrões, nem os gananciosos, nem os bêbados, nem os vilãos, nem os vigaristas herdarão o reino de Deus. E assim eram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, vocês foram santificados, vocês foram justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus (1 Coríntios 6:9-11, ênfase adicionada).
Paulo diz que essas pessoas “eram” assim, mas não são mais assim. Elas foram mudadas por causa “do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Coríntios 6:11). A igreja deve estar cheia de pessoas que uma vez andaram em pecado, mas agora andam em Cristo devido à fé na obra santificadora e justificadora de Cristo. Paulo indica que a igreja é composta de pecadores que foram salvos pela graça. Esse tipo de graça move um pecador a buscar uma vida de santidade e piedade – uma vida de imitação a Cristo (Efésios 5:1–2).
Você vê a diferença? A igreja deve ser “acolhedora” para todos no sentido salvífico, mas não “acolhedora” no sentido posicional. A igreja precisa reservar membros e ordenação àqueles que foram salvos através da fé e buscam uma vida de obediência a Jesus Cristo no poder do Espírito. A propósito, a distinção posicional não é reservada apenas para aqueles que lutam contra o pecado da homossexualidade. A igreja não deve ser “acolhedora” no sentido posicional para qualquer tipo de pecado não arrependido que alguém cometa. Ao esclarecer o termo “acolhimento”, espero que nossas conversas possam ser mais adequadas para uma comunicação mais clara e honesta sobre esse tema no futuro.
[1] https://www.greenvilleonline.com/story/news/2019/02/21/united-methodist-church-could-split-weekend-heres-why-and-how/2929542002/; https://www.washingtonpost.com/religion/2019/02/26/united-methodist-church-votes-maintain-its-opposition-same-sex-marriage-gay-clergy/?noredirect=on&utm_term=.a5747d42b609
[2] https://www.greenvilleonline.com/story/news/2019/02/26/united-methodist-church-representatives-reject-easing-lgbt-restriction/2988068002/
>> Tradução de Robinson dos Santos
>> Original em Intersect Project
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