Por Paul Tripp
Na semana passada eu coloquei suas amizades à prova com uma lista de perguntas centradas nessa questão: você já foi decepcionado por um amigo?
Eu sei que a resposta foi um retumbante sim. A evidência está por toda parte, provavelmente até mesmo nesta semana. Haverá muitas vezes na vida em que você, de fato, será a vítima.
Esta é uma pílula teológica difícil de engolir: mesmo como vítima, você ainda é responsável pela sua resposta ao pecado cometido contra você.
Não entenda mal. A Bíblia é um livro muito realista. Ele detalha centenas de histórias de homens e mulheres de fé que foram vítimas. Do assassinato de Abel às múltiplas ameaças à vida de Davi (até mesmo por seu filho), à traição de Cristo, a Bíblia identifica e consola aqueles vitimados por amigos, familiares, vizinhos e estranhos.
A mesma Bíblia, no entanto, está cheia de exortações que nos chamam a exercer paciência, tolerância e compaixão, para anular a vingança e raiva, para perdoar os outros e amar nossos inimigos.
Essa é a única maneira pela qual podemos anular o poder destrutivo do pecado em um relacionamento.
Miquéias 6.8 nos dá instruções em relação às nossas reações ao pecado: “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus”. (NVI)
Por que essa instrução seria necessária se não pressupusesse que seríamos magoados? Porque todos nós tendemos a pecar em nossa resposta e, ao fazê-lo, adicionamos mais problemas ao nosso problema!
Algumas das formas típicas de fazer isso são:
– Confessando seus pecados para mim mesmo com amargura. “Eu não posso acreditar que ela fez isso comigo!”
– Confessando seus pecados para outra pessoa em fofoca. “Deixe-me dizer o que ela fez comigo!”
– Confessando seus pecados a Deus, buscando vingança. “Deus, quando você vai fazer algo com a pessoa que me machucou?”
– Confessando seus pecados para si mesmo com raiva. “Como você se atreve a fazer isso comigo?”
Quando se trata dos pecados que outros cometem contra nós, tendemos a nos comunicar sobre eles de maneiras destrutivas. Mesmo quando os pecados de outrem têm prejudicado nossos corações e vidas, somos chamados a guardar nossos corações para que não sejamos sugados pela destruição do pecado.
Os chamados à paciência, humildade, perdão e gentileza não são apelos à passividade. Deus está chamando você para responder, mas como ele prescreve. Guardar ressentimentos, tornar-se amargo, orar por vingança e divulgar fofocas não são métodos que Deus honra.
Quando você considera o perpetrador “responsável”, mas não com espírito de humildade, paciência e compaixão, acaba pervertendo a própria justiça que procura.
Nossa necessidade de Cristo é grande tanto quando outros pecam contra nós ou quando nós mesmos pecamos. E ele fornecerá abundantemente ajuda quando pedirmos seu auxílio.
Perguntas de reflexão
- Por que pode ser tão difícil aceitar que, como vítima, você ainda é responsável pela sua resposta ao pecado?
- Que evidência você viu de outras pessoas pecando em resposta aos pecados contra elas? Como isso causou problemas ao problema deles e por que você gostaria de evitar a reação que eles tiveram?
- Alguém te machucou recentemente? Você está ou foi tentado a responder com amargura, fofoca, vingança ou raiva? Seja específico em sua análise.
- Qual é, ou o que teria sido, a melhor maneira bíblica de responder? Por que essa escolha é mais gratificante?
- Que outras verdades do evangelho sobre identidade e justiça você precisa pregar para si mesmo quando é vítima?
>> Original em PaulTripp.com
>> Tradução de Robinson dos Santos
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