Por Paul Tripp
Talvez seja a contradição moral mais frequente em nossas vidas. Talvez seja o lugar onde todos nós tropeçamos mais.
Como é possível que nós, que fomos abençoados com o perdão eterno, possamos ser tão implacáveis com aqueles que nos rodeiam?
Aqui estão alguns lembretes para nos ajudar a fechar a lacuna entre o que dizemos que acreditamos e como tratamos os outros quando o assunto é perdão.
1. O perdão é uma prática diária
A Oração do Pai Nosso nos ordena a orar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” logo após nos instruir a orar pelo pão de cada dia. Praticar o perdão é algo que devemos fazer diariamente, da mesma forma que precisamos de um suprimento diário de nutrientes. É uma parte da vida cotidiana, não algo reservado para os “grandes” pecados e eventos.
2. O perdão não conhece limites
Quando Pedro pergunta a Jesus quantas vezes ele deveria perdoar alguém, ele se acha bastante nobre ao sugerir sete vezes (Mateus 18.21-22). Mas Jesus repreende Pedro e diz que o perdão não tem limites. Se fomos perdoados pelo preço do sofrimento e morte de Jesus, nosso chamado para perdoar aplica-se a incontáveis ofensas e até mesmo a mesma infração repetidamente interminável.
3. Perdão não significa paz a todo custo
A Bíblia nunca ordena: “Tornarás fácil para os outros pecarem contra você”. Somos chamados a lutar pela paz, mas há limites envolvidos. Paulo escreve em Romanos 12:18: Se possível, até onde depende de você, viva pacificamente com todos. Quando você atingir esses limites, há outras opções disponíveis para você (Mateus 18.15-17, por exemplo ou com autoridades intervindo).
4. Não perdoar afetará você
Lembre-se da parábola do servo que não perdoa (Mateus 18: 23-35). O que aconteceu quando ele não conseguiu perdoar? Ele agarrou seu colega, sufocou-o e colocou-o na prisão. Enquanto você não pode agredir fisicamente alguém, amargura ou um senso de justiça distorcidos podem roubar seu coração e consumir sua mente.
Cancelar uma dívida e absorver o custo vai doer, mas essa parábola mostra que não perdoar também tem um preço – a um custo maior do que a demanda por perdão.
Para concluir, em seu livro “Incorporando o Perdão: Uma Análise Teológica”, L. Gregory Jones compartilha uma poderosa ilustração da vida real. Um oficial turco invadiu e saqueou uma casa armênia. Ele matou os pais idosos e deu as filhas aos soldados, mantendo a filha mais velha para si. Algum tempo depois, ela escapou e treinou para ser enfermeira. Com o passar do tempo, ela se viu cuidando de uma ala de oficiais turcos. Uma noite, à luz de uma lanterna, ela viu o rosto desse oficial. Ele estava tão gravemente doente que, sem cuidados excepcionais, ele morreria. Os dias passaram e ele se recuperou. Um dia, o médico ficou ao lado da cama com ela e disse ao oficial: “se nao fosse pela devoção dela, você estaria morto.” Ele olhou para ela e disse: “Nós nos conhecemos antes, não?” “Sim”, disse ela,” já nos conhecemos antes.” “Por que você não me matou? “, Perguntou ele. Ela respondeu: “Eu sou um seguidor daquele que disse: ‘Ame seus inimigos’”.
Pela maravilhosa graça de Deus, [oremos para] que possamos imitar esta irmã em Cristo em nossas vidas e relacionamentos.
Deus lhe abençoe.
Perguntas de reflexão:
1. Você fica frustrado ou surpreso com a frequência com que outros pecam contra você? Você pede ajuda com perdão diariamente?
2. Quais fraquezas você traz para um relacionamento difícil e atual? Você já esgotou suas opções para viver pacificamente, na medida em que isso depende de você?
3. Releia a parábola do servo que perdoa em Mateus 18.23-35. O que o seu Pai Celestial lhe perdoou nesta semana? Como a meditação sobre essa realidade impactará o modo como você trata os outros?
4. Quem é o equivalente do oficial turco em sua vida? Que passos práticos você pode dar para preencher a lacuna entre sua teologia do perdão e sua prática de vida?
>> Original em PaulTripp.com
Tradução de Robinson dos Santos
Tags: Paul Tripp Perdão
