Por Scott Sauls
Título original: Sexual Chastity: God’s Life-Giving Path for Unmarried Lovers
Martinho Lutero disse que todos nós somos como homens bêbados em um cavalo, caindo à esquerda ou à direita do caminho estreito, o caminho da graça e da verdade que Jesus pavimentou para nós. A queda para a direita representa a verdade sem a graça ou o moralismo religioso. A queda para a esquerda representa graça sem verdade ou licença ética.
Nos anos 90, poderíamos dizer que o evangelicalismo ocidental tendia a cair para a direita. Naquela década e nos poucos anos que se seguiram, a “direita cristã” enfatizou a purificação da sociedade por meio de uma postura estratégica, amplamente baseada na lei, nas guerras culturais. Se um número suficiente de cristãos estivesse em posições de poder, assim era o pensamento, as leis, normas e valores da sociedade acabariam se tornando mais “cristãs”.
Os ventos mudaram de direção desde então. Se os cristãos pudessem esquecer a mentalidade de guerra cultural e se concentrar em envolver na cultura, nutrir amizades e serem extremamente persuasivos, segundo esse pensamento, uma sociedade melhor surgiria.
Ambas as abordagens assumem algum risco. Cair para a direita nos torna alienados da cultura devido a uma abordagem baseada na moralidade, nós contra eles, que enfatiza regras e direitos sobre o amor. Se cairmos para a esquerda corremos o risco de nos tornarmos tão amigáveis com a cultura secular que deixamos de ser contraculturais e, em vez disso, nos tornamos exatamente como a cultura.
Teste decisivo para todos
Curiosamente, um importante teste decisivo para a fidelidade às sensibilidades da direita e da esquerda é a posição de alguém sobre a sexualidade e a sua prática. Os guerreiros da cultura exigem castidade e proteção das definições históricas do casamento. Os amantes da cultura exigem engajamento relacional e um tom sem julgamento, geralmente à custa de qualquer discussão sobre ética sexual.
Meu foco aqui é o que acontece no lado esquerdo do cavalo, onde os cristãos professos não evitam discutir a castidade sexual fora do casamento, eles evitam cada vez mais praticá-la.
Na última década, notei uma tendência crescente dentro da igreja: homens e mulheres solteiros que professam Cristo estão se tornando mais ativos sexualmente do que nunca. Eles não veem nada de errado com o sexo antes do casamento, especialmente quando combinados com amor e compromisso. A justificativa lógic, como você pode imaginar, é mais mundana que bíblica. Eles apelam mais aos tempos de mudança do que ao texto antigo, definitivamente entregue aos santos.
Aqui estão os apelos que ouço com mais frequência:
- “Se parecer certo e ninguém se machucar, qual é o problema?”
A resposta a esta pergunta – e sua disposição em recebê-la – depende inteiramente de sua crença sobre o papel das Escrituras no quarto. Se você é cristão, suponho que você adote a Bíblia como a palavra final para toda a vida, incluindo ética sexual.
Longe de ser pudica, a Bíblia prevê um erotismo robusto, criado por Deus, que dá vida entre um homem e uma mulher, dentro da aliança do casamento. O Cântico de Salomão, não enfatizado na Bíblia da maioria das crianças, retrata um marido e uma esposa no quarto, cantando canções e recitando poesia um para o outro, desfrutando os corpos nus um do outro. Paulo, escrevendo para os coríntios, apresenta essa experiência como normativa no casamento entre marido e mulher. O corpo dele pertence a ela e o dela a ele. Exceto por breves períodos de oração, os cônjuges devem ser íntimos com frequência (1 Co 7.5).
Paulo também diz aos coríntios que unir o corpo de uma pessoa com uma prostituta – também uma metáfora bíblica para o sexo fora do pacto vitalício do casamento – faz violência às almas de ambas as partes. Sexo, como o fogo, é vivificante – mas apenas dentro de limites. Deixe-o passar fora dos limites e um incêndio violento se inicia, depois queima e depois causa cicatrizes permanentes.
Portanto, a pergunta simples é esta: qual será a nossa fonte de sabedoria e autoridade quando se trata de sexo? A Palavra de Deus ou nossos sentimentos pessoais e o apoio que eles recebem da cultura popular? Provérbios nos diz que quem escolhe a Palavra de Deus é sábio e quem não é tolo. As Escrituras são relevantes para esta questão precisamente porque as Escrituras não mostram interesse em relevância – isto é, não mostram interesse em acomodar ou afirmar as areias movediças dos sentimentos e da cultura.
“Existe um caminho que parece correto para um homem, mas no final leva à morte” (Pro. 14:12).
O sexo é bom fora do casamento? Claro, da mesma maneira que a cocaína é boa para o viciado e o anel do poder foi bom para Gollum de Tolkien. As Escrituras são uma salvaguarda. Entregar nossos sentimentos e instintos à verdade bíblica sempre nos protegerá de feridas imprevistas e consequências desumanizantes.
- “Estamos comprometidos um com o outro!”
É o que mais ouço de cristãos professos sexualmente ativos e solteiros. Eles “se sentem casados” um com o outro porque estão em um relacionamento monogâmico e comprometido. Como o relacionamento deles é exclusivo, as normas do casamento, como sexo e convivência, parecem a maneira mais sensata de aprofundar e solidificar o relacionamento.
Quando essa lógica é usada, geralmente pergunto ao casal por que eles sentem a necessidade de “solidificar” um relacionamento com alguém que não tem certeza de que vai conseguir. Eles ficarão contentes por ter solidificado o relacionamento com o sexo se a quase união chegar ao fim? Será que eles se sentirão bem em compartilhar os detalhes de seu acordo atual com um futuro cônjuge? Será que eles se sentirão bem ao olhar “aquele alguém” nos olhos e dizer a eles como deram seu corpo e alma a outras pessoas? Finalmente pergunto se eles, como cristãos professos, se sentem compelidos a agradar a Jesus – o criador do sexo – por suas vidas sexuais solteiras. Esta questão, mais do que outras, é frequentemente seguida pelo olhar de choque profundo.
- “Estamos comprometidos em nos casar”
Ser noivo não é, mais ou menos, o mesmo que casar? À primeira vista, o raciocínio faz sentido. Como está estabelecido que vamos nos casar, por que não começar?
Como sempre, nossa resposta deve voltar às Escrituras. Cristãos sábios e fiéis esperam até que estejam dentro do pacto antes de começarem a desfrutar dos benefícios exclusivos desse convênio. Até então, estão brincando de casinha, mas não é casamento. Lembre-se de José. Ele “não conheceu Maria” durante o período de noivado.
Portanto, quando esse apelo surgir, geralmente no aconselhamento pré-matrimonial, sugiro uma das duas opções: ou podemos encontrar algumas testemunhas e ter o casamento agora (para santificar a atividade sexual atual) ou o casal pode se abster de atividade sexual até o casamento.
Analisando essas duas opções, vou oferecer uma razão racional além da bíblica: estatisticamente, os casais que são castos durante o noivado têm muito menos probabilidade de se divorciar ou serem infiéis do que os que não são. Em seguida, direi: “O noivado é sua oportunidade de construir uma história de autocontrole e confiança, para prepará-lo para períodos de tentação que ocorrerão quando você for casado. A fidelidade às Escrituras agora fornecerá a segurança necessária no futuro – especialmente durante os tempos mais difíceis e secos – de fidelidade um ao outro. Proteger sua castidade sexual agora ajudará a prepará-lo para seu vínculo sexual mais tarde.
Nenhum casal ainda escolheu a opção “Vamos nos casar hoje”. Todos escolheram com prazer a opção “vamos construir a confiança através do fiel celibato agora”. E, pelo que entendi, dos cerca de cem casais cujos casamentos eu oficiei, nenhum se arrependeu de ter tomado esse caminho preventivo.
Scott Sauls serve como pastor sênior da Christ Presbyterian Church em Nashville, Tennessee. Conheça o Blog dele (clique aqui).
Artigo traduzido por Robinson dos Santos
Original em The Gospel Coalition
Tags: 1Coríntios Casamento Castidade Scott Sauls Sexo Solteiro
