Por Paul Tripp
Por que existem tantos viciados em trabalho (workaholics) na igreja? Por que tantos cristãos são bem-sucedidos em sua carreira às custas do cônjuge e dos filhos? Por que lutamos para encontrar tempo para o ministério, a oração e a leitura das Escrituras, mas passamos muito tempo no escritório ou na caixa de entrada de nosso trabalho?
Você poderia argumentar que esse é um problema de prioridade, onde listamos a carreira acima de Deus e da família e eu não discordo. Você pode propor que tenhamos um problema de agenda e revisar nossa rotina diária e estabelecer restrições de tempo forneceria uma solução. Isso certamente poderia ser útil!
Mas acho que não é suficiente. Temos que admitir que temos um problema de identidade que resulta em prioridades erradas e cronogramas desequilibrados.
Temos um problema de identidade porque esquecemos quem é Deus, quem nós somos e o que, pela graça, nos foi dado em Cristo. “Mas quem não tem essas coisas é como um cego ou como alguém que enxerga pouco e esqueceu que foi purificado dos seus pecados passados” (2 Pedro 1.9 NTLH, ênfase minha).
Quando sofremos de um problema de identidade, procuramos horizontalmente o que já nos foi dado verticalmente. Aqui está a aplicação para o tópico de hoje: como o trabalho é uma dimensão bastante significativa de nossas vidas, torna-se muito tentador procurar nossa identidade nesse espaço.
Ao procurar trabalhar pela sua identidade, será muito difícil resistir a seus desafios, demandas e promessas de recompensa.
Existem três identidades sedutoras que podemos descobrir em nosso trabalho:
Identidade na conquista e sucesso
“Eu sou o que eu conquistei”.
Uma carreira de conquistas parece fazer uma declaração sobre quem você é e o que pode fazer. Mas o burburinho do sucesso de hoje desaparecerá e você precisará de mais sucesso para continuar e outro sucesso para seguir adiante. Sem perceber, o sucesso terá se transformado em algo que você gostava para algo em que você não pode viver sem.
Identidade em poder e controle
“Estou no controle, portanto, eu sou”.
Em um mundo onde a maioria de nós tem uma variedade de pessoas que nos dizem o que fazer todos os dias, é intoxicante ser a pessoa no poder. Mas as pessoas que atribuíram sua identidade ao sucesso e usaram outras para obtê-la sempre deixam um rastro de carnificina pessoal e espiritual por trás delas.
Identidade na riqueza e nas posses
“Eu sou do tamanho da pilha de coisas que eu acumulei”.
Por sermos pessoas físicas vivendo em um mundo físico, e porque Deus nos deu a capacidade de reconhecer e apreciar a beleza, é tentador definir a “boa vida” como uma pessoa cheia de coisas bonitas. Deve-se afirmar que o desejo de coisas bonitas não é mau em si, mas se você atribuir sua identidade a conquistá-las, mantê-las e desfrutá-las, outras áreas de sua vida sofrerão.
Mas o que acontece quando você se compromete a encontrar uma identidade mais profunda e vertical em Jesus a cada dia?
A maior conquista de sua vida não será nada que você tenha feito, mas o que Jesus fez por você na cruz.
Você aprenderá a descansar na sua falta de controle, sabendo que, pela graça, você foi adotado pelo Pai, que tem autoridade sobre tudo, para a glória dele e o seu bem.
E você será liberto de trabalhar continuamente para acumular mais do que você espera que lhe dê prazer, porque você estará cada vez mais satisfeito em Cristo!
>> Original em PaulTripp.com
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