“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Romanos 12.3)
Ao elaborar um Curriculum Vitae tendemos a exaltar ao máximo os quesitos referentes à nossa pessoa para causar a melhor impressão possível ao examinador. Ressaltamos até o mérito do curso de numismática por correspondência. Afinal, o mercado é competitivo e precisamos nos projetar se quisermos vencer. São poucas as pessoas que dispensam apresentações, porém, há aqueles que não necessitam correr atrás do emprego. Seu histórico e sua competência fazem com que os empregadores corram atrás dele. Não quero de forma alguma diminuir o mérito de quem chega a este patamar, quando foi construído ao longo de uma jornada de trabalho e dedicação. É mais do que lógico galgarmos com afinco nossa carreira, e faz parte do processo nossa autopromoção, pois “se eu não demonstrar meu valor, quem me valorizará? É minha carreira, meu sucesso, minha imagem, minha vida, meu projeto, meu… meu…”
Mas para qual finalidade? Do que estávamos falando mesmo? Ah, sim, Curriculum.
Lembrei de Paulo. Em dois momentos de seu ministério, o apóstolo abre algumas páginas do seu “humilde Curriculum” (Atos 22.3 e Filipenses 3.4-8). Creio que Paulo não desejava exaltar suas próprias qualidades e habilidades ou que elas fossem reconhecidas. Não foi para “se mostrar”, mas para mostrar quem ele era no passado e em quem ele se transformou após sua conversão. Ele mesmo confessou aos filipenses:
“Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.”
Não é assim com a pessoa orgulhosa. Esta procura sempre alimentar uma visão exagerada de sua importância, talentos e habilidades, e tem uma percepção entranhada de si mesma.
Além disso, ela se esforça em demasia para ser perfeita, unicamente para obter reconhecimento, pois isto a faz sentir-se bem consigo mesma. Seja como for, este comportamento é puramente autopromocional. O problema básico do perfeccionista é que ele torna mais importante as coisas que são menos importantes e descarta pessoas que não julga serem importantes.
Buscar excelência em tudo o que se faz, não é o problema. Talvez o orgulhoso só precise de uma pequena dose amorosa de realidade. Precisa atentar para a Palavra (1 Coríntios 4.7):
“Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido [de Deus]? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?”
Paulo estava tentando fazer com que os irmãos “carnais” de Corinto tivessem uma visão exata de sua importância para Deus, bem como dos talentos e habilidades por Ele presenteados. A pessoa humilde não se queixa do fato de que não é uma pessoa talentosa como os outros. Também não exagera a respeito de suas próprias habilidades. A pessoa humilde confia na capacitação que Deus dá para ela executar a Sua obra e sabe que por ela mesma, nada poderia produzir. A pessoa humilde não busca reconhecimento humano, nem espera que os outros corram atrás dela. Não busca ser perfeccionista naquilo que faz, mas procura fazer tudo da melhor maneira possível, dentro de suas capacidades, pois sabe que está fazendo para Deus.
“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10:31 – ler também Colossenses 3.17 e 23).
Reflita:
Tenho consciência das minhas limitações? Fico feliz por ser usado por Deus mesmo que o mérito seja dado a outros? Por acaso há alguma coisa que produzo que não provenha de Deus?
Ore:
Senhor, me dê humildade, sabedoria e discernimento para aceitar minhas limitações e espírito de gratidão para te agradecer por me fazer exatamente como sou.
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