“Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho.” (Leia Lucas 18.9-14)
Trabalhei alguns anos no departamento de solos de um instituto de pesquisas agrícolas. Havia no laboratório um equipamento chamado peneira granulométrica, que servia para estudar a estrutura física dos diferentes tipos de solo. Ele era composto de uma série de seis peneiras que se encaixavam umas sobre as outras, sendo a malha mais aberta a de cima e a última de baixo uma malha ultrafina. Um torrão de terra era colocado na primeira peneira e, quando o aparelho era ligado, começava a vibrar, e os agregados de vários tamanhos que passavam pelas diferentes malhas iam sendo separados, ficando os maiores em cima e os menores embaixo. Por fim, daquele torrão, a única coisa que caía na latinha de baixo era apenas um pó fino semelhante a um talco. O resto ficava retido naquelas seis peneiras. Era interessante notar que, a olho nu, não conseguíamos distinguir a diferença entre este pó da lata e os minúsculos grãos que ficavam na peneira mais fina, logo acima.
Estou contando isto, pois quero fazer uma analogia desta peneira granulométrica com a nossa “maravilhosa capacidade” de separar e classificar o pecado. Penso que temos apenas uma, ou no máximo duas malhas diferentes, que seriam correspondentes às duas mais abertas da peneira do laboratório. Embora declaremos que para Deus não existe pecadinho ou pecadão, na prática agimos diferente. As consequências de tal mentalidade são desastrosas e influenciam diretamente a nossa forma de interpretar o mundo, julgar o próximo e confessar nossos pecados.
Por desconhecermos ou desconsiderarmos aqueles grãozinhos mais pequeninos, temos a tendência de confessar pecados de forma bem genérica e também de minimizar nossas falhas e fraquezas. Não estou bem certo se aqui nasce o orgulho ou se isto já é uma manifestação dele em nossas vidas. É difícil distinguir. Mas uma coisa é fato: uma pessoa tipicamente orgulhosa pensa que seu pecado não é tão importante. Ela sempre julgará que seus pecados são insignificantes e que os dos outros são muito graves, como aquele fariseu que orava no templo. Como somos todos pecadores, as pessoas orgulhosas precisam criar mecanismos para manter seus pecados encobertos através de desculpas, seja para os outros, para si mesmas ou até (pensam) para Deus (risos).
– Ih, também faço isto!?!?
Todos fazem! Arrepender-se dos pecados é o primeiro passo para alcançar um coração humilde e quebrantado. Mas como podemos nos arrepender sem reconhecer e admitir nosso pecado? Lemos em 1 João 1.10:
“Se dissermos que não temos pecado, fazemos Deus mentiroso, e a sua palavra não está em nós.”
Pense na gravidade desta atitude! Uma pessoa humilde reconhece seus pecados (mesmo que seja um grãozinho), confessa-os a Deus e trabalha por uma mudança de vida autêntica. (Você já conhece o Guia de Confissão? Use-o para avaliar-se regularmente e confessar seus pecados a Deus. Ele lhe ajudará a enxergar grãos finos.)
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. (1 João 1.9)
Reflita:
Reconheço e confesso meus pecados de forma específica? Importo-me com o fato das pessoas tomarem conhecimento de que também erro?
Ore:
Senhor, faça-me perceber que muitas das minhas atitudes corriqueiras demonstram o mal que habita em mim. Que o meu viver seja marcado pelo fruto do Teu Espírito e não pelas obras que minha carne produz.
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