“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1 Coríntios 11.1)
O que você pensaria se ouvisse algum irmão ou irmã dando o seguinte testemunho:
– Eu, eu mesmo, sou um exemplo vivo de vida cristã autêntica. Se todos os crentes do mundo fossem iguais a mim, a igreja seria um exemplo de fé e bondade, amor e santidade; verdadeiramente sal e luz do mundo. Ah, se todos os crentes fossem como eu sou...
Cheira a soberba, não é? Algum de nós pode fazer tal afirmação? Mas pense se no fundo de nossos corações não achamos isto de nós? Digo isto porque se agimos como agimos e continuamos agindo assim, é porque acreditamos fielmente que agimos certo e podemos ser um modelo a ser seguido. Senão, deveríamos desesperadamente procurar mudar de vida.
Olhando para o versículo acima, podemos questionar: Paulo pensava assim? Era soberba da sua parte? Creio que não. Primeiramente, neste contexto, Paulo coloca-se como referencial para aqueles irmãos que não conheceram Jesus pessoalmente. Temos necessidade de referenciais. O apóstolo sabia disto e cita em outra carta:
“Meus irmãos, continuem a ser meus imitadores. E olhem com atenção também os que vivem de acordo com o exemplo que temos dado a vocês.” (Filipenses 3.17)
Ou seja, bons exemplos, devem ser observados e seguidos. Ademais, ao longo deste devocionário, vimos dezenas de citações que este apóstolo fez que mostram o que se passava em sua mente e coração. Temos, por exemplo, as constantes exortações de mutualidade “uns aos outros” ou “uns pelos outros”. Paulo não só falava, mas demonstrava com sua própria vida.
Diferentemente, o orgulhoso crê que não precisa de restauração. Tem certeza que todas as outras pessoas precisam, mas ele não! Então, se compara com os outros, e sente-se digno de honra. Vale a pena lembrar a atitude dos fariseus naquele episódio com o cego de nascença:
“Tu és nascido todo em pecado e nos ensinas a nós?” (Leia João 9.1-34)
O orgulho permeia todas as áreas da nossa vida, inclusive nossas orações. Estas são reflexo dos desejos e anseios do nosso coração. Portanto, um coração orgulhoso poderá refletir dois tipos de atitude:
1. Não orar: A maioria das pessoas orgulhosas ora pouco, se é que oram. São tão autossuficientes que pensam não precisar de Deus para nada.
2. Não orar como convém: O problema aqui não é falta de oração, mas a falta de oração bíblica. A pessoa orgulhosa, quando ora, centraliza suas orações em si mesma e em seus desejos e necessidades, em vez de centralizá-las em Deus e nos outros.
Novamente, vale a pena lembrar a oração do fariseu em contraste com a do publicano (Lucas 18.10-14), em contraste as muitas orações de Jesus e de Paulo registradas na Palavra.
Um coração humilde e contrito deve refletir em orações bíblicas e altruístas. A pessoa humilde quer adorar a Deus e se vê totalmente dependente dele para capacitá-la, para transformá-la no que for preciso. Visto que a pessoa humilde se vê como alguém necessitada, ela ora frequentemente. John Owen disse:
“Não podemos ter qualquer poder vindo de Cristo, a menos que vivamos na convicção de que nada temos de nós mesmos”
Reflita:
Com quem eu me comparo? Com a santidade de Deus ou com “publicanos pecadores”? Posso dizer que sou um referencial a ser seguido? Qual é o teor principal das minhas orações? Clamo por mudanças no meu caráter ou me incomodo mais com os outros?
Ore:
Senhor, dependo de Ti para fazer a Tua vontade, para ser sal e luz no mundo, para ser testemunha da Tua Palavra e não promotor da minha identidade.
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