“Deus foi bondoso com Ezequias, mas ele não lhe agradeceu, pois era orgulhoso. Por isso, Deus ficou irado com ele…” (2 Crônicas 32.24-25, NTLH)
Um pastor amigo meu contou-me que houve um momento em sua vida em que ele e sua família passaram muita necessidade financeira, a ponto de não ter dinheiro nem para pegar um ônibus. Todos os dias ele fazia o percurso a pé de casa para o escritório da missão onde trabalhava, e aos domingos andava cerca de cinco quilômetros para chegar até a igreja. Um dia, um missionário colocou dez reais em seu bolso e disse:
– Recebi uma oferta de vinte reais, e quero dividir com você!
Meu amigo pastor, cheio de orgulho, retrucou:
– Que é isso… não precisa!
– Então tá bom! E no mesmo instante, o missionário puxou os dez reais de volta.
No final da tarde, na hora de ir para casa, meu amigo rodeava o missionário, enfatizando que estava indo embora, mas este apenas respondia com um calmo e educado “Até manhã”. Naquela tarde, o pastor foi para casa a pé, irado, inconformado, praguejando e chutando tudo o que encontrava pela frente. No dia seguinte, já no escritório, o missionário perguntou:
– Como você foi para casa ontem? E o pastor, ainda ressentido, respondeu:
– Que pergunta… Você sabe que eu fui a pé!
Então o missionário concluiu:
– Ontem eu fui abençoado com uma oferta, e quis abençoá-lo também, mas você rejeitou dizendo que não precisava. Enquanto você não abandonar seu orgulho, estará impedindo Deus de agir na sua vida.
A sutileza do veneno do orgulho é comparável a uma infiltração que aos poucos encharca toda nossa alma. O orgulho nos cega em relação à verdadeira condição de nosso coração e fatalmente nos leva a sermos pessoas ingratas. Assim, habitualmente pensamos ser merecedores de tudo o que há de bom e melhor (pense como o marketing secular sabe explorar muito bem isto).
O resultado disto é que passamos a não ver nenhuma razão para agradecer por aquilo que recebemos, caso não esteja na medida em que esperamos. Na realidade, somos queixosos porque sempre nos consideraremos dignos de maior honra e, consequentemente, deixamos de ser gratos a Deus e aos outros por aquilo que recebemos.
Há ainda mais uma nuance percebida nisto tudo. Pelo fato do orgulho nos cegar, acreditamos firmemente que não há nada do que se arrepender ou mudar em nossas vidas, os outros é que precisam melhorar suas condutas e olhar para nós como merecemos.
Se quisermos cultivar um coração humilde, devemos primeiramente aprender a nos maravilharmos com a graça e a bondade imerecidas vindas da parte de Deus. O Salmo 116.12 nos dá um exemplo:
Que posso eu oferecer a Deus, o SENHOR, por tudo de bom que ele me tem dado?
A pessoa humilde reconhece a misericórdia e a graça de Deus em sua vida. Misericórdia porque Deus não dá aquilo que nós merecemos (o inferno!); e graça, porque Deus nos dá muito mais do que merecemos. Um coração humilde é sempre grato: sabe perdoar porque Deus tanto nos perdoou e sabe dar porque tanto tem recebido de Deus. Ainda que para alguns pareça pouco…
Reflita:
Procuro cultivar um coração continuamente contrito e quebrantado? Reconhecer minha necessidade de constante avaliação, sondagem, e dependência do Espírito Santo de Deus? Sou grato por tudo o que Deus tem me dado?
Ore:
Senhor, muito obrigado por trabalhar em minha vida. Pai, eu te peço que, continuamente estejas fazendo a Tua obra em mim, através de mim e apesar de mim mesmo. Que o Senhor me faça compreender o quanto dependo de Ti e do Teu Santo Espírito para completar a obra que o Senhor Jesus começou com Sua morte na cruz, e que me salvou. Que um santo incômodo se aposse de minha vida cristã para que eu não me acomode nem me conforme com o que o mundo espera que eu seja.
Em nome de Jesus!