Por Paul Tripp
Na semana passada, eu escrevi sobre o difícil processo de envelhecimento. Ela é acompanhada por novas dores e sofrimentos, uma mudança na forma do corpo, perda de energia e a inevitável realidade de que você está um dia mais perto da morte. “Só alegria”!
Além dessa decadência física, estamos sendo bombardeados com mensagens “espirituais” de uma cultura que idolatra a juventude e é viciada em uma composição corporal perfeita. Não me surpreende que envelhecer seja uma luta!
Sentiremos fisicamente nosso corpo envelhecendo e sentiremos a pressão da mídia e da cultura. Mas vamos voltar ao evangelho: nenhum desses fatores teria o poder que têm para nos desorientar e desencorajar se uma condição fundamental do nosso coração não nos capacitasse.
Há uma pequena frase em 2 Pedro 1.4 que é extremamente útil aqui. Pedro diz que Deus nos deu tudo de que precisamos para que possamos “fugir da corrupção que há no mundo por causa da cobiça”. (grifo meu).
Deixe esta frase penetrar. Considere como seu ponto de vista é radicalmente diferente da maneira como queremos pensar. Todos nós tendemos a culpar o que nos cerca pelo que acreditamos ou fazemos. Embora seja apropriado e sensato entender e avaliar a influência da cultura local, é de vital importância que tenhamos a ordem certa.
O que Pedro propõe é humilhante. Ele não diz que somos corruptos porque a cultura ao nosso redor o é. Não lutamos com a imagem corporal ou com o processo de envelhecimento principalmente por causa da pressão da mídia e das mensagens.
Não, devemos primeiro examinar nossos corações.
As percepções das Escrituras sobre o coração humano são simultaneamente convincentes e encorajadoras. Romanos 1.25 diz: “Eles trocaram a verdade sobre Deus pela mentira e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador.”
Como 2 Pedro 1.4, esta única frase tem um impacto teológico. Romanos 1.25 nos alerta para o fato de que existe uma tendência inata em todo ser humano de substituir o espiritual pelo físico.
Procuramos encontrar vida nas coisas materiais, neste caso, o corpo físico. Em sua forma mais simples, idolatria é quando substituo a adoração a Deus por alguma imagem ou objeto físico que posso ver e tocar.
A razão pela qual isso é tão tentador deveria ser óbvia. O ídolo (o corpo) pode ser visto, tocado ou de alguma forma experimentado fisicamente.
Nunca fomos programados para viver pelas glórias do que é visto. Na melhor das hipóteses, essas sombras de glórias pretendiam nos apontar à única glória pela qual vale a pena viver: a glória do Senhor.
Sempre há um preço terrível a pagar por essa grande substituição. Ele destrói relacionamentos, nos coloca em dívidas, distorce a cultura, deixa cicatrizes nas pessoas, cria vícios e, por fim, leva à morte.
Querer ser fisicamente atraente não é um desejo maligno. Comer bem e fazer exercícios para ter mais energia é uma boa administração do corpo. Desfrutar dos benefícios da juventude não é pecado.
O problema é que qualquer um deles pode ocupar o lugar de Deus em nossos corações. O desejo por uma coisa boa se torna uma coisa ruim quando se torna uma coisa dominante.
Conforme você envelhece, não lute ou negue o envelhecimento do seu corpo físico. Pregue o evangelho a si mesmo com o apóstolo Paulo e diga:
Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno. (2 Coríntios 4.16-18)
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Original em PaulTripp.com
Foto de Andrea Piacquadio no Pexels
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