Por Paul Tripp
Eu tenho uma confissão a fazer. É embaraçoso e humilhante, mas estou disposto a torná-lo público: nem sempre estou animado para ler e estudar a Bíblia.
Sei que passamos quase todas as quartas-feiras deste ano examinando a doutrina das Escrituras, sua beleza e seus benefícios. Mas estou apenas sendo honesto. Eu passo por períodos que eu chamaria de tédio espiritual quando a “velha, velha história” não é muito empolgante para mim.
Nos meus piores dias, ler a palavra de Deus parece pesado para mim, e meu coração é mais motivado pelo dever do que por uma alegria de adoração. Você se identifica com isso?
Quando chego a esses períodos, há três coisas que preciso lembrar:
1. Lembro-me da graça de Deus
Uma das minhas passagens favoritas em toda a Escritura é Isaías 55. Este capítulo nos dá uma imagem após a outra da maravilhosa graça de Deus e, especificamente, o que a Bíblia pode fazer em nós e por nós.
Assim como a chuva e a neve descem dos céus e não voltam para ele sem regarem a terra e fazerem-na brotar e florescer, para ela produzir semente para o semeador e pão para o que come, assim também ocorre com a palavra que sai da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei (vv. 10-11, NVI).
Você nunca encontrará alegria no estudo da Bíblia até que entenda que ler a palavra de Deus não é primeiro um chamado ao dever, mas um convite para receber um presente maravilhoso.
2. Lembro-me de Jesus
Ler a palavra de Deus é muito mais do que ler teologia empoeirada e abstrata, familiarizar-se com antigas histórias religiosas ou obter princípios para a vida diária. Você nunca terá alegria em seu estudo da Bíblia a menos que entenda que é um convite de Deus para você ter comunhão com Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (ver João 5:39).
Ao abrir a sua Bíblia e o que você encontra? Não uma coisa, mas uma Pessoa, e seu nome é Jesus. Ler e meditar em sua Bíblia é o meio de Deus recebê-lo na comunhão diária com seu Irmão, Amigo, Salvador e Rei – Jesus.
3. Lembro-me do meu esquecimento
Estou tão propenso a esquecer Deus, esquecer sua graça, esquecer minha identidade como filho dEle, esquecer que Ele fornece tudo o que preciso, esquecer Seu plano soberano imparável e esquecer Seu reino eterno. Então, preciso ser lembrado todos os dias da incrível glória de Deus, Sua graciosa presença em minha vida e minha identidade única como filho dEle. Sua palavra foi dada para que dia após dia eu me lembrasse.
Assim, amanhã, quando você não sentir vontade de abrir sua Bíblia, lembre-se da graça de Deus, lembre-se de seu amigo e irmão, Jesus, e lembre-se de quão rápido você se esquece.
Pegue a palavra de Deus não com o fardo da culpa ou como um chamado ao dever, mas porque é um presente dado a você por um Deus de misericórdia e graça incrivelmente ternas.
Duas semanas atrás, concluí com um extenso trecho de Charles Spurgeon sobre o propósito das Escrituras, e gostaria de fazer o mesmo novamente hoje.
Muita paz têm os que amam a tua lei; e nada os tropeçará (Salmo 119:165).
Sim, um verdadeiro amor pelo grande Livro nos trará grande paz do grande Deus e será uma grande proteção para nós. Vivamos constantemente na sociedade da lei do Senhor, e isso produzirá em nossos corações um descanso como nada mais pode. O Espírito Santo atua como um Consolador por meio da Palavra e espalha aquelas influências benignas que acalmam as tempestades da alma.
Nada é uma pedra de tropeço para o homem que tem a Palavra de Deus habitando nEle ricamente. Ele toma sua cruz diária, e ela se torna um deleite. Para a prova de fogo, ele está preparado e não a considera estranha, de modo a ser totalmente abatido por ela. Ele não tropeça pela prosperidade – como muitos são – nem esmagado pela adversidade – como outros foram – pois ele vive além das circunstâncias mutáveis da vida externa. Quando seu Senhor coloca diante dele algum grande mistério da fé que faz outros clamarem: “Duro é este discurso; quem pode ouvir?” o crente a aceita sem questionar; pois suas dificuldades intelectuais são superadas por seu reverente temor da lei do Senhor, que é para ele a autoridade suprema à qual ele se curva com alegria. Senhor, opera em nós este amor, esta paz, este descanso, este dia. (Faith’s Checklist)
Original em PaulTripp.com
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